Em outubro a ALP fez um inquérito aos seus associados em que 46% assumia que se o travão à atualização das rendas no próximo ano fosse aplicado, denunciariam, logo que possível, os contratos. Não será essa a realidade em 2024, mas mesmo assim e segundo a ALP, não há grande expetativa para um aumento de oferta de casas no mercado de arrendamento. Diana Ralha refere que se “não houver uma retração é bom”. Em 2021 e segundo os censos, existiam perto de um milhão de contratos de arrendamento em Portugal, mas a ALP considera que esse número está longe de ser real, já que muitos senhorios se retiraram do mercado.

Do lado dos inquilinos e a representá-los, Pedro Ventura admite que não há “clivagem entre senhorios e inquilinos” e que se “houvesse estabilidade no mercado de arrendamento”, era bom para todos. Considera que os apoios avançados para os inquilinos em 2024 são importantes, mas podem não passar de ações conjunturais e paliativas e “o Estado tem de assumir uma postura de intervenção com medidas imediatas para resolver problemas imediatos”. Admite mesmo que a habitação em Portugal é um problema que começou a agudizar-se na última crise económica e que são necessárias regras claras para que o mercado funcione e os seus intervenientes se sintam seguros, tanto no papel de inquilino, como de proprietário.

O congelamento de rendas e a instabilidade política são problemas que afetam o mercado de arrendamento e que, para Diana Ralha, minam a confiança no mesmo. Já Pedro Ventura considera que a habitação estar sujeita ao ciclo político é um problema grave que o país tem. Defende uma conjugação de medidas para resolver os problemas que se vivem na habitação.

Oiça os argumentos de inquilinos e proprietários neste episódio do Expresso Imobiliário, conduzido por Maribela Freitas e gravado uns dias antes da demissão do primeiro-ministro António Costa. A sonoplastia foi de Ana Marques e a edição de João Ribeiro.