“Nós enquanto sociedade temos alguma vergonha em identificar a pobreza habitacional e em falar dela”, explica José Afonso. O acesso à eletricidade e ao saneamento são problemas comuns nesta área e lembra o diretor de parcerias da Just a Change que “estamos a falar de uma franja da sociedade, são os pobres dos mais pobres, e que às vezes ficam esquecidos quando falamos em políticas de habitação”. E se à falta de condições de habitabilidade básicas adicionarmos a pobreza energética, o problema agudiza-se, já que Portugal “é o segundo país da União Europeia em que a mortalidade aumenta mais no inverno”, frisa José Afonso.
Idosos, adultos sozinhos, à margem da sociedade e sem rede de apoio, e famílias em pobreza, com crianças, são três perfis de beneficiários da Just a Change. Cada obra realizada custa entre 10 mil a 20 mil euros. Um valor que pode fazer a diferença na qualidade de vida de parte da população. Na prática, não vivem na rua, “mas o mercado não tem uma resposta a qual possam ter acesso e o Estado também não lhes dá prioridade”, salienta José Afonso.
A solução é olhar para as boas práticas que já se realizam no país. Para a Just a Change a palavra de ordem é reabilitar e mobilizar a sociedade civil para a existência da pobreza habitacional e levá-la a contribuir para a sua resolução, por exemplo, através do voluntariado. Há que “construir boas políticas públicas”, salienta José Afonso e reabilitar o edificado.
Este episódio do Expresso Imobiliário foi conduzido por Maribela Freitas e contou com sonoplastia de João Martins e edição de João Ribeiro.