“Tem havido várias tentativas relativamente ao enquadramento da área residencial. Tudo o que tem sido feito roça o desastre, quando se quer tornar um sector mais saudável, mais pujante, estão-se a procurar implementar medidas que são muito agressivas para os investidores”, explica Paulo Silva. Mesmo assim, a área da habitação continua a captar a atenção dos promotores e tem uma procura dinâmica, apesar do problema de oferta. O certo é que nunca, como em 2023, se discutiu tanto a habitação em Portugal. Falta na opinião de Paulo Silva “uma abordagem séria a um problema que é sério”. O programa Mais Habitação que apelida de “criativo”, na sua opinião, não satisfaz nem a procura, nem a oferta.
A falta de alojamento estudantil também marcou 2023, já que a oferta de camas em cidades como Lisboa e Porto ficou muito aquém das necessidades. Paulo Silva explica que a promoção de habitação é mais rentável para os promotores em comparação, por exemplo, com a criação de residências universitárias. Entre a falta de camas em residências universitárias e o preço dos arrendamentos nas cidades nacionais, muitos estudantes acabam por não ter capacidade económica para viverem longe de casa, nos locais onde querem estudar. Este é não só um problema do imobiliário, mas também social. “Não estamos a criar condições dentro do nosso país para quem tem dificuldades económicas poder tomar um elevador social e deveria haver uma obrigação política de pensar nisto”, afirma Paulo Silva.
Neste balanço de 2023, a área da hotelaria e da indústria e logística são as que melhor ficam no retrato. Já os escritórios e o investimento chumbam na avaliação. O ano que se avizinha será, nas palavras de Paulo Silva, “de recuperação”. “A nível do investimento vamos assistir a melhorias”, comenta. Já na habitação que esteve na berlinda nos últimos meses, vai ser “mais do mesmo”.
Este episódio do Expresso Imobiliário foi conduzido por Maribela Freitas e teve sonoplastia de Salomé Rita e edição de João Ribeiro.