“Os problemas hoje passam muito pelo custo da habitação no bolso daqueles que vivem e trabalham em Portugal”, explica André Escoval. Identificado o problema, o movimento Porta a Porta, criado no início do ano e de expressão nacional, tem levado a luta para a rua. O seu porta-voz acredita que “tanto a banca como os proprietários têm olhado para a habitação como uma mercadoria”.
Em Portugal, 2% do parque habitacional é público. Um número que contrasta com a média da União Europeia que está nos 12%. André Escoval alega que se o Estado colocasse mais imóveis públicos no mercado, a preços equilibrados face ao poder de compra, faria com que a regulação da oferta e da procura se ajustasse. Acusa ainda o pouco investimento governativo, ao longo dos anos, na habitação. Já os lucros da banca, defende, deveriam suportar parte dos custos à habitação com que hoje as famílias se deparam.
Os despejos, considera o movimento Porta a Porta, deveriam ser proibidos. “Estão a por famílias na rua para colocar essas casas no mercado e aumentar a onda especulativa”, salienta André Escoval. Lembra ainda que nos últimos três anos as rendas em Portugal subiram cerca de 13% e que as famílias não aguentam mais um aumento de 7%. “Há medidas imediatas que o governo pode tomar, mesmo estando demissionário, o que a Constituição diz é que o governo pode tomar todas as medidas políticas que sejam de carácter urgente para a governação do país. Quem é que hoje tem dúvidas sobre a situação de emergência que se vive no quadro da habitação em Portugal”, intensifica. Para André Escoval “a especulação em torno da habitação, o olhar para a habitação como uma mercadoria, tem-nos conduzido a este desastre social em vivemos”.
Este episódio do Expresso Imobiliário foi conduzido por Maribela Freitas e teve sonoplastia de Salomé Rita e edição de João Ribeiro.