Gonçalo Antunes, investigador: “Há estimativas que dizem que entre 60 e 80 mil famílias” vivem em habitações precárias em Portugal

“O atual desfasamento entre o imobiliário e os rendimentos é enormíssimo e prejudica todos. É um problema estrutural para jovens, população ativa e reformados”. Quem o diz é Gonçalo Antunes, geógrafo, investigador, professor na Universidade Nova e curador científico da exposição “Políticas de habitação em Lisboa, da monarquia à democracia”. Neste episódio do Expresso Imobiliário, explica como o problema da habitação subsiste ao longo do tempo e tem afetado gerações. Passa em revista o que foi feito nos últimos 200 anos, o sucesso ou não de algumas decisões e de como os problemas de ontem são ainda, em grande medida, os de hoje. “O Estado não é um senhorio muito exemplar. Temos um problema de habitação e de manutenção. Há edifícios construídos há 20 anos que nunca devem ter tido uma pintura de fachada”, afirma

Este episódio foi conduzido por Maribela Freitas e teve sonoplastia de João Martins e João Ribeiro. É certo que grande parte das políticas de habitação responde a problemas que existem em Lisboa, mas também é esta grande área metropolitana que apresenta mais carências. Gonçalo Antunes realça o que já foi feito neste domínio, na capital e no resto do país, sem esquecer os desafios atuais nesta área, que vão desde a precariedade habitacional, às dificuldades existentes no acesso à habitação.

José Fernandes

Para este especialista, “aquilo que deve ser sempre prioritário são as famílias que vivem numa enormíssima precariedade habitacional, em que a sua casa não tem condições de dignidade”. E alerta: “nós sabemos desde 2018 que são pelo menos 26 mil famílias em todo o país que estão nessas condições de precariedade. Mas sabemos que o número está desatualizado, porque isto foi antes da pandemia. Há estimativas que dizem que no final das estratégias locais de habitação vamos ter alguma coisa entre 60 e 80 mil famílias identificadas como a necessitar de uma nova habitação”.

Entre Deus e o Diabo

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Certificados de aforro: emprestar ao governo atrapalha os bancos? Os bancos que se cuidem

Expresso Imobiliário

“Há jovens que vêem o futuro castrado porque não têm a possibilidade de ir estudar para uma cidade, não têm poder de compra”

“Há uma narrativa falaciosa de que o turismo, os estrangeiros e os promotores são os responsáveis pelo aumento dos preços”

“Não é possível continuar a trabalhar para ao fim do mês entregar todo o salário para pagar a habitação, seja no crédito à banca ou renda"

“O fim do regime de RNH é uma medida populista, que se toma sem olhar para os prós e contras mas somente para o impacto na opinião pública”

“Cerca de 400 mil portugueses vivem em pobreza habitacional, com chuva dentro de casa ou sem eletricidade ou sem casa de banho”

“Em 2023, o volume de absorção de escritórios decresceu 70% e nenhum colaborador quer voltar a trabalhar 5 dias por semana nas empresas”

“Não nos podemos centrar só na falta de habitação, há uma série de problemas acumulados no país, p. ex. não haver atualizações salariais”

“Com o fim do regime fiscal para não residentes colocamo-nos fora da corrida da captação de talento, competências e capital em Portugal”

Patrícia Barão: “O preço das casas vai continuar a subir. Estamos a criar um monstro e em vez de dinamizar o setor fazemos o contrário”

António Ramalho: “É sobretudo quem comprou casa nos últimos 2 ou 3 anos que está a sofrer as consequências das subidas dos juros”