"Nos últimos dois anos assistimos a evoluções de preços na ordem dos 25 a 30% no aumento dos custos de construção, com tradução no preço final", lembra José Costa. E se nos segmentos mais altos estas variações são mais fáceis de acomodar, nas gamas mais baixas o problema é bastante maior.
Segundo os dados do INE, os custos de construção de habitação nova aumentaram 3,2% em abril (face ao mesmo mês de 2022). Em comparação com o mês anterior, até desceram 0,2%, muito devido à estabilização dos preços das matérias-primas.
Mas há um fator que continua a subir (e muito) e que representa uma grande fatia dos custos: a mão de obra. "Ela é incorporada em todas as atividades. Havendo inexistência ou incapacidade de resposta, eu posso até ter os materiais a bom preço, mas o valor não é ditado pelo custo do material, mas de quem o consegue instalar", refere António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais, que entrou no podcast Expresso Imobiliário à distância.
A subida dos preços de construção está já a refletir-se no investimento, que caiu 6,5% no inicio de 2023, a maior queda desde 2014: "Não temos obras que tenham sido suspensas como aconteceu na crise em 2011, mas nota-se um adiamento dos investimentos, porque as margens ficaram comprimidas", admite o responsável do Grupo Casais.
Por isso mesmo, a construção nova continuará longe de acompanhar a procura: "Tem havido uma ligeira recuperação, mas continuamos muito longe os números de há 10, 15 anos, não respondendo às necessidades atuais", diz José Costa, responsável da Edivisa.
Para as duas construtoras, a solução terá de passar por novas metodologias de construção, com uma aposta na industrialização e pré-fabricação, para contornar o problema da falta de mão de obra, reduzindo também os tempos de construção e permitindo maior previsibilidade.
A entrevista para ouvir no Expresso Imobiliário, num episódio conduzido pela jornalista Rita Neves e com sonoplastia de Salomé Rita e João Ribeiro.
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