Em geral, parece-me sinal de preguiça procurar nos sistemas eleitorais as razões para as crises de confiança na democracia. A ideia de que os círculos uninominais aproximariam os portugueses do parlamento é desafiada pela profunda crise de confiança que se vive no Reino Unido ou pela pouca participação dos portugueses nas eleições autárquicas, onde a proximidade entre eleitores e eleitos é muito maior. As pessoas estão satisfeitas com a democracia quando ela lhes devolve bem-estar e esperança e não há reforma eleitoral que resolva o desalento democrático quando isso não sucede.
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Pôr fim à salada russa autárquica
O sistema eleitoral e institucional autárquico é uma salada russa incoerente, em que se confundem oposição e governo, funções de executivo e de representação. O PS propôs que as eleições para as câmaras sejam iguais às das freguesias. Defendo, há décadas, uma solução semelhante, mas com eleição autónoma do presidente, que permitiria aos partidos concorrerem separadamente, mas apoiarem um mesmo candidato. Com grande reforço dos poderes da Assembleia.