Outro dia ia morrendo. Ainda incapacitado do braço esquerdo, que parti nas férias, levava três sacos muito pesados na mão direita, atravessei de um passeio para o outro sem verificar o semáforo ou o trânsito, e com o peso dos sacos tropecei e caí redondo no meio da estrada. E não estaria a escrever esta crónica se os automóveis a uns palmos de distância não tivessem, um deles, travado a fundo, e o outro guinado à esquerda. Levantei-me, toda a gente foi amável e prestável, apanhei um táxi para casa, e no táxi já só pensava “tenho de ler o Ovídio”.
Exclusivo
Remédio contra o amor
Alguns moribundos, mesmo antes de morrer, revêm na cabeça imagens da sua vida. Eu caí ao chão e acabou por não acontecer nada