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Opinião

Não há saída para a guerra, portanto continue-se

Quando será que nós, os povos outrora informados e livres, abriremos os olhos?

Tucker Carlson, o ex-pivô da Fox News, não é flor que se cheire nem jornalista que se recomende. A sua preanunciada entrevista com Vladimir Putin, “paga a expensas próprias”, não seria nunca um modelo a seguir, mas não deixaria de ser um “furo” por todos invejado e que interpelava a boa e instalada imprensa “liberal” ocidental: afinal de contas, porque é que nenhum deles tinha conseguido um estatuto de isenção suficiente aos olhos do Kremlin para fazer o trabalho que Carlson fez? Não o tendo conseguido, ou não o tendo sequer seriamente tentado, dedicaram-se então a desvalorizar e desacreditar, antes e depois, a entrevista de Tucker Carlson. Foi um tiro nos pés, confirmando aquilo que o próprio entrevistador dissera antes: que a opinião “liberal” não queria que o público tivesse acesso à opinião do outro lado. As duas horas de entrevista tiveram, assim, direito a uma imediata e pré-preparada barragem de críticas, que, no essencial, assentaram nisto: Putin dispusera de uma “plataforma” para exprimir livremente as suas ideias sobre a guerra na Ucrânia, para fazer “passar a sua mensagem” e expor a sua “propaganda” — intolerável. A mesma imprensa que, quando ouve falar Biden, Sunak, Scholtz, Von der Leyen, Stoltenberg — e, claro, Zelensky — sobre a guerra da Ucrânia, nem por um momento sente que lhes esteja a proporcionar uma “plataforma” para exporem livremente a sua “propaganda” já não acha o mesmo se se tratar de ouvir Vladimir Putin. Porque nós somos os cowboys e ele é o índio.