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Encontros de Cascais

“Trump vai rabear” a Europa: o que esperar do próximo Presidente dos EUA e como reagir?

Os VI Encontros de Cascais reuniram na Cidadela de Cascais algumas dezenas de líderes de empresas e fundações, gestores, professores universitários, políticos, antigos ministros, autarcas e diplomatas. O objetivo era discutir os grandes temas da atualidade. O mundo pós-eleições norte -americanas foi o tema do primeiro painel. Nos próximos dias vamos publicar resumos dos restantes debates, dedicados à política de imigração, defesa nacional e sociedade civil

O primeiro painel teve diplomatas como oradores: João Vale de Almeida e Rita Faden
Nuno Fox

A manhã começou invernosa em Cascais, com o forte vento de Oeste a agitar o mar junto à Cidadela de Cascais. Também os ventos políticos de Oeste, vindos dos Estados Unidos, agitam sobremaneira o planeta. O tema aterrou forte nos VI Encontros de Cascais, e dominou-os de forma quase transversal.

O mundo pós-eleições americanas e os seus efeitos em Portugal eram o primeiro tema de discussão.

Depois de hora e meia de intervenções, perguntas e debate, a tónica não foi de todo em todo otimista. Quanto muito “realista/céptica”. Aqui e ali salpicada pela interrogação deixada de se perceber até que ponto é que o resultado das eleições americanas pode significar uma oportunidade (ou wake up call) para a Europa… e até para Portugal.

Começámos por olhar para o que se passou a 5 de novembro.

Grande vitória de Trump. Ganhou tudo o que havia para ganhar: A eleição, o voto popular, o Senado, a Câmara dos Representantes. E conta com maioria clara no Supremo Tribunal. Tem, portanto, caminho livre para aplicar a sua política. Grande vitória também do discurso populista e grande derrota do discurso woke. Uma grande derrota ainda para Kamala Harris. E uma grande vitória do unilateralismo e do transacionismo (“a lógica de Trump é sempre a mesma: o que é que eu ganho com isso?”) Ao mesmo tempo, foi uma vitória da democracia formal, com resultados aceites e uma transição suave. Mas foi também uma derrota da qualidade da democracia e da decência na política.