O valor médio de reformas pago pela Segurança Social vai continuar a descer, nas próximas décadas, até cerca de 53 por cento do último ordenado. Quanto mais elevado for o ordenado e o aumento anual, menos vai receber de pensão. O aumento de esperança média de vida em cinco anos vai reduzir em 25 por cento a reforma nos próximos 40 anos. Não são boas notícias, mas é o resultado do estudo anual apresentado pela Optimize, gestora de activos.
Os portugueses que não invistam em complementos à sua reforma, vão perder entre 25 a 50 por cento do salário. Assim, para garantir um estilo de vida razoável após a saída do mercado de trabalho, tem que começar a fazer um pé de meia o quanto antes. De acordo com o estudo, um jovem de 25 anos deve pôr de lado 7,8 por cento do seu ordenado, sendo que se for do sexo feminino, o esforço deve ser 20 por cento superior (9,4 por cento), pois a sua esperança média de vida é superior. Se só começar aos 60 anos, terá que pôr de lado 30 por cento do seu vencimento.
Factores que influenciam a reforma
A nova forma de cálculo da reforma é portadora de más notícias para os trabalhadores, se antes as contas faziam-se tendo em conta os 10 melhores salários dos últimos 15 anos de vida activa do trabalhador, agora tem em consideração os últimos 40 anos.
Segundo o estudo da Optimize, há três factores que fazem com que a reforma reduza em quase 50 por cento nas próximas décadas. Em primeiro lugar, o aumento da esperança média de vida em cerca de cinco anos, terá um impacto negativo na pensão social, pois "irá reduzir em 25 por cento a reforma nos próximos 40 anos", afirma Diogo Teixeira, administrador delegado da gestora de activos.
Em segundo lugar, foca o aumento salarial, "tudo o que for para além da inflação não é tomado em consideração". Ou seja, "quanto maiores forem os aumentos durante a sua vida contributiva, pior será a taxa de substituição", prossegue.
Outro factor realçado, é o facto de quanto mais elevado for o salário, menor será a taxa de substituição, ou seja, menor o valor da pensão paga pela Segurança Social em função do último salário. Um homem de 40 anos que ganhe 500 euros, receberá 61,34 do seu último ordenado, enquanto um indivíduo que ganhe 6 mil euros, receberá 58,23 por cento.
Passando da teoria para a prática, segundo as contas da Optimize, um jovem de 30 anos, que aufira um ordenado de 1500 euros, quando chegar aos 65 anos vai perder 45,7 por cento do seu último ordenado. Quem tem 40 anos e um ordenado de 2500 euros, perde 40 por cento do último rendimento. A geração que tem agora 50 anos, um ordenado de 3500 euros, fica sem 33,7 por cento do ordenado.
Idade aumenta, reforma reduz
O valor da pensão vai passar de 75 por cento para quase metade do último vencimento, para as gerações mais jovens
Idade | Percentagem do último vencimento recebido |
65 | 74,1% |
55 | 70,1% |
45 | 63,7% |
35 | 56,5% |
25 | 52,7% |
Fonte: Optimize, tendo em conta um salário ilíquido de 2000 euros em 2009, aumento anual médio de 1,5 por cento, reforma aos 65 anos. |
Para combater a discrepância entre o último salário e o valor da reforma, a Optimize recomenda começar a investir em complementos à reforma, com destaque para os PPR. Santos Teixeira apela aos portugueses para serem mais ariscos e vencerem a sua "aversão ao risco", evitando as apostas nos PPR de rendimento garantido, pois têm rendibilidades mais baixas.