Porquê algodão, quando pode ter seda? Provavelmente porque o metafórico algodão, sob a forma de PPR, tem menos exposição aos mercados accionistas fortemente penalizados nos últimos dois anos e porque a seda dos fundos mais agressivos envolve maior volatilidade e exige nervos de aço. Os famosos planos poupança reforma são o suave algodão que costuma saltar à vista nos dois últimos meses do ano. Campanhas publicitárias mais fortes, figuras mediáticas que entram todas os dias em casa pelos televisores a dar a cara pelos produtos, e o forte incentivo de poder abater a factura de IRS, coisa que os produtos concorrentes nos mercados de renda fixa e de acções não conseguem, são os melhores sinais de visibilidade dos PPR.
Numa altura em que os mercados de capitais estão à procura de uma direcção, o balanço dos últimos anos mostra que o conservadorismo das carteiras dos gestores dos PPR compensou, por exemplo, face às acções europeias que empurraram as rendibilidades dos fundos do velho continente para baixo. Em cinco anos, os fundos europeus geridos em Portugal e agrupados pela Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP), renderam, em média, 0,37 por cento enquanto os PPR com menor exposição aos mercados accionistas, totalizaram mais de 1,20 por cento em ganhos anuais. Um valor que, mesmo assim, é eliminado pela inflação que nos últimos cinco anos foi, em média, de 2 por cento mas que não ofusca a reputação dos PPR que contabilizavam mais de 1297 milhões de euros em activos em Outubro passado, quase 8 por cento do total de activos geridos pelas entidades contabilizadas pela APFIPP.
Mais risco, mais rendibilidade e maior exposição às "sovas" do mercado, é o que oferecem os fundos de acções e obrigações oferecidos pelas gestoras portuguesas, muitas delas gestoras também dos PPR. O maior exemplo da diferença está nos planos poupança-acções (PPA), com risco muito elevado e que implicam a permanência de capital investido por seis anos sob pena de pagar comissões elevadas em resgates antecipados, que nos últimos cinco anos valeram 4,75 por cento por ano, quase tanto com os fundos de acções que apostam na bolsa portuguesa. Os fundos de acções nacionais bateram a concorrência com rendibilidades médias nos últimos cinco anos na casa dos 5 por cento.
PPR consistentes
Se a sua ideia é maximizar a sua poupança fiscal através do benefício fiscal entre 300 e 400 euros no IRS, então há alguns PPR que têm mantido solidez de rendibilidades. Com menos risco que muitos dos seus colegas de classe, o ESAF PPR Vintage bateu largamente os seus concorrentes nos últimos cinco anos com uma rendibilidade anualizada de 4,44 por cento, um pouco mais do que o segundo melhor registo, o do PPR Europa. Gerido pela Pensõesgere, do grupo Millennium bcp, o PPR atingiu, nos últimos cinco anos uma rendibilidade de 3,92 por cento anual. Mas conheça em baixo, os PPR que se têm mantido consistentes em prazos alargados.
Os mais rentáveis a cinco anos
A ESAF destaca-se com o seu PPR recheado de obrigações soberanas
PPR | Rendibilidades | Peso das acções no portefólio |
|
5 anos | 1 ano | ||
ESAF PPR Vintage ESAF |
4,44% | 4,95% | Até 15% |
PPR Europa Pensõesgere - Grupo Millennium |
3,92% | 10,04% | Entre 25% e 35% |
SGF Património Reforma Conservador PPR SGF |
3,66% | 8,06% | Até 5% |
Espírito Santo PPR BES |
3,12% | 6,68% | Até 25% |
PPR 5 estrelas Montepio |
3,09% | 9,33% | Entre 5% e 25% |
Fonte: APFIPP. Rendibilidades anualizadas em euros. 27 de Novembro de 2009 |