Quem nunca foi brindado com uns sonoros e desajeitados “bacalao”, “Ronaldo”, “fado”, ou “sardinas”, numa qualquer praça ou mercado estrangeiro, ao ser identificado como português? O automatismo dos chavões a que nos associam é uma leve nota elogiosa ou antropológica de como somos percecionados por quem nos vê de fora. A imagem gastronómica que projetamos no mundo tem estado restrita a poucas referências, mas facilmente se verifica que há bem mais para comer além de bacalhau, sardinhas e pastéis de nata. Analisando algumas características concretas que nos identificam, e que talvez por isso nos diferenciam, é possível fazer uma radiografia do nosso panorama alimentar, culinário e gastronómico. Apesar de o repertório ser vasto ao olharmos para uma caminhada de nove séculos, há aspetos relevantes e alguns dados objetivos que raramente são referidos.
Um número que talvez seja pouco conhecido é o das certificações Denominação de Origem Protegida (DOP) e Indicação Geográfica Protegida (IGP). Portugal é o quarto país entre os 27 Estados-membros que compõem a União Europeia — e mesmo sem ‘Brexit’ — com maior número de produtos certificados DOP e IGP. Segundo o portal europeu eAmbrosia são 140 certificações (dados de 5 de maio de 2020) que abrangem frutos, azeites, queijos, produtos de charcutaria, carnes, arroz, mas também algumas especialidades ancestrais como os “Ovos-moles de Aveiro” ou o nosso prestigiado “Bacalhau de cura portuguesa”. Apenas cinco países têm mais de uma centena de produtos certificados: Itália (301), França (253), Espanha (199), Portugal (140), e Grécia (110). Após este top 5 surgem a Alemanha (91) e o Reino Unido (73).
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