Sociedade

Graça Freitas: “Não é por regras não terem sido cumpridas [pelos ingleses] que isso nos dá um passaporte para incumprir”

A diretora-geral da Saúde reconhece que “há sempre falhas nestes processos”, mas considera que os adeptos ingleses, “de um modo geral, terão cumprido as regras”. Graça Freitas rejeita um cenário de “total incumprimento” e afirma que “qualquer cidade do país tem condições para organizar o que for preciso”

ANDRÉ KOSTERS

Numa conferência de imprensa realizada esta segunda-feira no Porto, cidade que acolheu este sábado a Final da Liga dos Campeões e milhares de britânicos que invadiram a Invicta, Graça Freitas considera que os adeptos do Chelsea e do Manchester City, “de um modo geral, terão cumprido as regras”, refutando um cenário de “total incumprimento”. Ainda assim, a diretora-geral da Saúde afirma que, “se houve maus exemplos, isso não nos dispensa de cumprir as regras”.

Graça Freitas reconheceu que “há sempre falhas nestes processos”. Diz que, enquanto espectadora, verificou que “a maior parte das pessoas estava sentada com distância” no estádio, embora, “obviamente, também tenha visto outras sem máscara e demasiado juntas”. Contudo, prefere não generalizar: “Foi um grupo de pessoas que não cumpriu as regras”. Além disso, frisa, “não é por regras não terem sido cumpridas [pelos adeptos ingleses no Porto] que isso nos dá um passaporte para incumprir”.

Aos portugueses, Graça Freitas pede “um bocadinho mais de paciência e de calma”, um esforço necessário “para que este tempo [de restrições] não tenha sido tempo perdido e não se ande para trás”. Portanto, “vamos continuar a ter disciplina”, pede a responsável máxima da DGS, reforçando a necessidade de “usar máscara, manter distância física e conviver sem demasiados aglomerados”. Ou seja, tudo aquilo que não se viu na Invicta.

“Houve alguns incumprimentos, não o podemos negar. Temos de aprender para na próxima haver menos”, disse Graça Freitas aos jornalistas, confiante de que “qualquer cidade do país tem condições para organizar o que for preciso”, lembrando, no entanto, que “não há risco zero”.

A diretora-geral da Saúde avançou ainda que foram testadas 5.600 pessoas no âmbito da final da Champions, duas das quais testaram positivo e uma dessas teve um contacto de alto risco. “Neste momento, estão três pessoas em isolamento e acompanhamento clínico”, avançou. Em síntese, para Graça Freitas “cada uma das entidades [envolvidas na operação de segurança] cumpriu o seu papel”.

A PSP do Porto confirmou quatro detenções durante a operação de segurança montada, duas por contrafação e outras tantas por agressão a um agente policial. “Os dois detidos que agrediram o polícia são britânicos e foram esta tarde levados a tribunal”, referiu a comandante da Polícia de Segurança Pública do Porto, presente na mesma conferência de imprensa.

“A região deu um belo exemplo do que é fazer um evento e controlar as massas”

Já Joel Azevedo, presidente da Associação de Comerciantes do Porto, “congratula a decisão de trazer para a cidade um evento de tanta importância como é a Liga dos Campeões”. Na opinião do dirigente, “o evento correu de forma ordeira”, “foi um exemplo de como se pode organizar” e defende que “a região deu um belo exemplo do que é fazer um evento e controlar as massas”.

“Mais do que as receitas imediatas”, Joel Azevedo acredita que a realização da final da Champions na Invicta “tem uma importância acrescida no futuro do nosso turismo”. De resto, conta, “todos os comerciantes expressaram de forma muito positiva a vinda do turismo inglês”.

Por sua vez, o representante do Turismo do Porto e Norte de Portugal destacou que, “depois de um ano tremendo e terrível, um evento como a Liga dos Campeões trouxe para o sector um valor que em circunstâncias normais não se conseguia”, como por exemplo uma taxa de ocupação que superou os 75% na hotelaria da cidade.