O primeiro-ministro considera que nem tudo correu bem no final de semana no Porto, com a final da Liga dos Campeões. Contudo, não considera que tenham havido falhas por parte do Governo apesar de ser "evidente que o que ocorreu não pode servir de exemplo, mas de lição". Para Costa houve "duas situações distintas" durante o fim de semana: Uma, que tem a ver com o que ficou acordado com a UEFA e a vinda de 12 mil adeptos em "bolha" e outra, que se explica pela abertura de fronteiras. "O que foi dito não foi nada falso. Se não correu na perfeição? Não correu. Há pelo menos 20% das pessoas que terão vindo com bilhete e não respeitaram as regras da bolha, porque decidiram vir antecipadamente", referiu.
Aos jornalistas na Assembleia da República, António Costa referiu que a tal "bolha" de adeptos dos dois clubes finalistas da Liga dos Campeões, Manchester City e Chelsea, funcionou para 80% dos casos. E portanto houve uma falha para os restantes 20%. "O que ficou definido é que os 12 mil lugares teriam de vir e voltar em regime de bolha. As indicações que temos e que 9.800 pessoas vieram nessas condições (80%) vieram nessas condições", disse.
Contudo, acrescentou, é ainda preciso ter em atenção que houve turistas a deslocarem-se a Portugal, o que faz confundir as duas questões: "Quando foram fixadas as regras não estavam ainda abertas as fronteiras para circulação turística", disse. Durante a conversa com os jornalistas, o primeiro-ministro repetiu a ideia que houve uma massa de britânicos que terão vindo fora da bolha para fazer turismo: "Se me pergunta se tudo correu bem? Manifestamente, não correu tudo bem".
Uma ideia que repetiu mesmo quando questionado sobre a opinião do Presidente da República que este sábado disse com dureza: “Quando se diz que os adeptos vêm em bolha é porque vêm em bolha. Senão não se diz”. Costa recusou "avaliar" a opinião do Presidente, mas fez questão de "repetir" que não se podia "confundir" os adeptos que vieram em voos charter e os turistas que se deslocaram a Portugal.
Questionado se o facto de a preparação ter sido feita com as fronteiras fechadas e se considerava que havia falhas uma vez que o evento aconteceu já com as fronteiras abertas, o primeiro-ministro respondeu que tem ouvido diferentes interpretações sobre a abertura de fronteiras: "Não podemos querer turistas e dizer que não gostamos dos turistas".
A final da Liga dos Campeões no Porto levantou ainda questões para futuro, que Costa quis descartar. Com os festejos dos santos populares a aproximarem-se e com a decisão esta semana pelo Governo das regras que irão vigorar neste mês de Junho, Costa quis reforçar a ideia que o facto de não terem sido respeitadas, não invalida que existam regras: "Não é pelo facto de haver incumprimento das regras que elas deixam de ser legítimas. Todos os dias há pessoas que não respeitam as regras", disse, lembrando o caso dos festejos do Sporting, uma situaçáo "em que foi difícil manter a ordem pública".
Numa avaliação geral, o primeiro-ministro diz que "há licões a tirar" e que já pediu para que fosse revisto o folheto que é entregue com as informações que são dadas a quem entra em Portugal, sobretudo porque referia apenas a obrigatoriedade do uso de máscara em locais fechados. "Quem quer que seja, turista ou não, tem de praticar as regras e houvesse situações de claro e manifesto incumprimento".
Nas respostas aos jornalistas defendeu a atuação da polícia que agiu tecnicamente de acordo com a "larga experiência" que as forças de segurança têm nestas situações.