Já lá vão uns 20 anos. Ainda não havia smartphones, WhatsApp ou Instagram. Os humanos comunicavam por SMS em telemóveis Nokia de visores pequenitos — ai, quão mais pequenos irão ser os telemóveis no futuro? — e estava esparramado à beira de uma piscina. Estes detalhes são importantes. Sabe-se lá por que motivo decido enviar a já não sei quem uma mensagem a desancar um chefe que tinha na altura. Coisa que deve ter surgido após uma complexa rede de conexões desvairadas só ao alcance de quem está ao sol na piscina com um Nokia com três pauzinhos de rede. E escrevi a tal mensagem apenas por travessura. Só me lembro que era mazinha. E ela lá começou o penoso caminho de iniciar o send a ir lentamente no visor anos 90. O que se passou a seguir são várias ações em simultâneo que poderão ter ocorrido em décimas de segundo, não faço ideia. Primeiro constatei que estava a enviar o SMS para o objeto da ofensa. Ou seja, estava a dizer mal de X e a enviar a mensagem para X e não para o confidente Y. A seguir consegui tirar a bateria do telemóvel e atirá-lo violentamente para a piscina. Desespero puro. Se já não tinha bateria, para quê afogar o aparelho? Sei que ficou inutilizado. Até hoje não sei se recebeu a mensagem.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.