Há dias mandaram-me uma mensagem que terminava com um lol. Não era um LOL — Laughing Out Loud —, o tal rir a bandeiras despregadas, mas um lol em minúsculas que não fazia ali muito sentido. Não era um lol sincero, um sinal de apreciação de alguém que tinha gostado. Tinha um certo potencial ofensivo. Não era esta a frase, mas era qualquer coisa assim: “Ontem estiveste bem lol.” Era evidente que o lol revertia o sentido da mensagem. Fui procurar exemplos e detetei que podem existir lol passivos-agressivos (“é melhor não faltares lol”) mas também para flirt ou sarcásticos. Havia uma profundidade semiótica no lol que me escapara. Já tinha desconfiado da existência de pessoas que utilizavam emojis de forma desarmante. Está-se numa discussão e no final, em vez de prometermos trocar bengaladas no dia em que nos cruzemos, o parvalhão coloca um bonequinho amarelo a sorrir — que é nitidamente fingido, pois sei que está a fumegar —, o raio do boneco dá-lhe uma certa superioridade no final da contenda. Li algures que a interpretação de emojis pode variar cultural e geracionalmente, claro. Mas agora que comecei a investigar isto deparo com a informação de que o clássico dos emojis, o tal smiley, “mudou o seu significado” — principalmente entre a geração Z. Mudou? lol. Ah, cá está, “nada diz mais ‘odeio-te’” do que um smiley. É uma “ferramenta de agressão passiva e de demonstração de desdém”. Não me lixem.
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