oda a gente tem a noção de que alguns povos antigos, em especial os gregos antigos, acreditavam na hospitalidade, em acolher o outro, incluindo, em determinadas circunstâncias, os estrangeiros. Era uma hospitalidade de curta duração, geralmente entre pessoas iguais. Mais difícil, mais louvável, é receber gente em situação muito desigual, por tempo indeterminado ou a título definitivo.
O estrangeiro, quer dizer, o estrangeiro sem nada de seu, com a roupa do corpo apenas ou a casa às costas, é visto hoje como um intruso. Vem perturbar as sociedades ocidentais com os seus males e deixa-nos inquietos quanto ao seus costumes, quanto aos perigos que representa. Não conheço uma única solução coerente e completa para o problema actual das migrações, mas sei que nessa transição da antiga hospitalidade doméstica para a moderna hospitalidade política há um princípio que não devíamos desprezar, um princípio a que Kant chamou “o direito de não ser tratado como um inimigo”, e que aqui funciona como uma espécie de cosmopolitismo dos pobres.
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