Opinião

1.º de Maio: Proletários de todo o país, uni-vos contra a esquerda!

Temos ouvido, insistentemente, que a democracia é imperfeita, a liberdade está ameaçada, a coesão social falha e a mobilidade social não funciona. Pudera! Todos estes problemas partilham uma causa, que não sendo única, é inexorável: a pobreza

Depois das inanidades usuais com que a esquerda nos presenteia pelo 25 de Abril e pelo 1.º de Maio, já se pode dizer uma palavrinha divergente sobre democracia, liberdade e trabalho? Então, cá vai: proletários de todos o país, uni-vos contra a esquerda!

Temos ouvido, insistentemente, que a democracia é imperfeita, a liberdade está ameaçada, a coesão social falha e a mobilidade social não funciona. Pudera! Todos estes problemas - que são vitais - partilham uma causa, que não sendo única, é inexorável: a pobreza. E Portugal é, infelizmente, após doses cavalares de socialismo, um país cada vez mais pobre, pelo que estes problemas tenderão a aumentar.

Tem dúvidas, o estimado leitor? Um país pobre não cria condições para que os filhos possam viver melhor que os pais; é um país menos solidário, menos coeso, e mais permeável a apontar o dedo ao “outro”; é um país mais dependente, e não pode, por isso, ser um país livre; é um país mais preocupado com a subsistência do que com a democracia. Querem caldinho mais favorável aos populismos?

E quando falo de pobreza não estou propriamente a falar de desigualdade, estou mesmo a falar de pobreza. Também não estou a falar de indicadores estatísticos de pobreza, mas de vidas reais. Não estou, por isso, a falar do Índice de Gini - que a esquerda gosta de esgrimir quando lhe convém; também não estou a falar da Taxa de Intensidade da Pobreza - que diminuiu mais entre 2013 e 2015 com Pedro Passos Coelho, que daí para cá com António Costa. Não estou sequer a falar dos mais pobres dos mais pobres.

Falo de quê, então? Falo da Maria e do Manuel, que têm dois filhos em idade escolar, e que estão ambos empregados com um salário igual à remuneração base média do país: 970 euros (!). Casal que, pelas estatísticas, dificilmente será considerado pobre; tese, porém, cujo dia-a-dia insiste em contrariar.

A Maria e o Manuel, já vimos, ganham ambos 970 euros brutos. Trazem para casa, juntos, ao fim do mês, pouco mais de 1.750 euros. Para isto, os seus patrões, por junto, pagaram cerca de 2.600 euros. O Estado reteve, logo à cabeça, 850 euros à economia que gerou esta riqueza. Ou seja, da totalidade da “riqueza” criada no mercado usada para remunerar o factor trabalho, o Estado reteve 33%, os trabalhadores receberam 66%. O factor capital, esse, pagou 100%. Qualquer aumento que, a partir daqui, os empregadores lhes queiram dar, a eficiência salarial diminuirá muito e o fosso entre o pago e o recebido aumentará bastante; a favor do Estado, claro.

Esta família, não tendo casa própria, teve de procurar um apartamento T2 nos subúrbios de Lisboa para arrendar. Melhor relação preço (que possam pagar)/acessibilidades? Linha de Sintra. Preço: 500 euros/mês. O Estado, a esta renda, vai buscar 28% directamente ao senhorio: 140 euros. Ou seja, o senhorio, esse vil proprietário a quem a esquerda radical gosta de ir buscar dinheiro, que comprou a casa e que pagou IMT, que pagou imposto de selo, que paga anualmente o IMI, e que suporta as despesas de manutenção, dos 500 euros mensais só vai receber efectivamente 360 euros.

A European Reference Budgets Network (Rede Europeia de Orçamentos de Referência), projeto financiado pela Comissão Europeia, estimou, para Março de 2015 e para a zona de Lisboa, que uma família com dois adultos e duas crianças gastaria, por mês, para “alimentos e equipamentos de cozinha necessários para os preparar, servir, consumir e conservar”, cerca de 766 euros/mês. Em 2021 este valor não é com certeza mais baixo. Para lá disto, soma despesas de água, luz, gás e telecomunicações, num valor que, para ser parcimonioso, não será menos que 100 euros. Ou seja, dos 1.750 euros, a família já gastou em despesas fixas 1.366 euros. Resta-lhe 384 euros. Com o dinheiro que sobra, e que equivale a 3 euros e 20 cêntimos per capita/dia, vai pagar o combustível do seu velho automóvel, as manutenções cada vez mais frequentes e cada vez mais caras, o imposto de circulação, o estacionamento em zona pública, etc. Tudo o mais é luxo.

Ah, mas os impostos servem para financiar os serviços públicos, dirá o optimista. A direita quer desmantelar o Estado Social, grita o esquerdista.

Ora, como nenhum deles é funcionário público - essa amante dileta da esquerda - e não tem ADSE, com a ocharia que lhes sobra não conseguem contratar um seguro de saúde e são remetidos para um SNS exaurido, que nenhum governante socialista usa. É rezar a Deus para que tudo corra bem.

Já em matéria de educação dos filhos, por causa da impossibilidade de escolherem a escola que querem, têm de frequentar os dois a Escola Básica em Rio de Mouro, que serve a sua zona de residência, e que num ranking de sucesso com 991 escolas básicas de todo o país ocupa a 796.º posição, com uma taxa de sucesso de 29,81% (% dos alunos que não chumbaram no ciclo anterior e tiveram positiva nos exames). Boa sorte para o elevador social.

Libertar as famílias e as empresas da maior carga fiscal de sempre e assegurar maior liberdade de escolha no ensino são imperativos para um país que queira enriquecer. A fiscalidade tem de ser amiga do investimento, da promoção do mérito e da valorização do trabalho. Já a liberdade de escolha da educação é condição elementar para um projecto livre de futuro. Falta agenda à direita? Não falta; é só centrar-se no essencial.

O argumento de que a colossal carga fiscal que amarra o país serve para financiar o Estado Social, promovendo uma redistribuição mais justa da riqueza, sem que, porém, a riqueza seja criada e estimulada, é uma falácia tão grande quando a ilusão daquele lavrador que, dono de uma galinha que põe um ovo de ouro todos os dias, a mata para ficar com os ovos todos de uma vez. A galinha somos nós.