A programação para o primeiro trimestre do ano do Laboratório do Envelhecimento de Ílhavo, que comemorou o segundo aniversário na semana passada, já é conhecida. Organizada em três áreas, as possibilidades são para todos os gostos, desde oficinas para aprender a arte do graffiti, a tocar ukulele ou falar inglês.
“O plano de ação do Laboratório do Envelhecimento está assente em três eixos: na investigação, no conhecimento e na criação. Todos os trimestres, a programação está dividida com base nos eixos definidos”, enquadra ao Expresso a vereadora da Câmara de Ílhavo, Mariana Ramos.
Na vertente da criação, o dia 20 de março é dedicado às curtas-metragens: além da estreia de uma peça dedicada à reforma, segue-se uma conversa com partilhas de testemunhos sobre o tema e o lançamento de um concurso de curtas-metragens. Mas antes, no dia 1 de fevereiro, Mariana Ramos destaca uma “oficina muito especial”, de dança contemporânea para os mais velhos. A sessão é dinamizada por Rafael Alvarez que, juntamente com a mãe, apresentará também um livro de fotografia que resulta de um projeto que acompanhou 175 pessoas com idades entre os 65 e os 100 anos.
As oficinas, que visam explorar a expressão artística e estimular a criatividade, são dedicadas às terças-feiras aos bordados, às quartas a tricotar e às quintas a aprender a tocar ukulele. Ainda na música, o baterista dos Trabalhadores do Comércio, Álvaro Azevedo, partilha a trajetória profissional e conduz uma oficina de percussão no dia 21 de fevereiro.
“Na criação artística temos um podcast que já foi lançado, o ‘Ouve bem o que te digo’, que é muito interessante: chama mulheres mais velhas a debater assuntos atuais”, aponta ainda Mariana Ramos. As próximas gravações decorrem nos dias 7 de fevereiro e 7 de março. “Os idosos do nosso território têm uma agenda muito preenchida!”, resume.
Na área da investigação, em que o laboratório trabalha com parceiros como instituições do ensino superior, há um “projeto novo”: o AgeLink, promovido pela Associação Nacional de Gerontólogos. Trata-se do “estudo à volta de uma plataforma que congrega profissionais associados ao tema do cuidado e do trabalho a desenvolver junto da população idosa”, explica a vereadora.
Apoio ao luto, para todas as idades
No eixo do conhecimento, além de atividades regulares como aulas de informática à quarta-feira e de inglês à quinta – ambas para maiores de 60 anos –, são várias as “ações direcionadas a cuidadores informais”. “Esta capacitação que decorre no âmbito da ação do laboratório é essencial para a melhoria dos cuidados a prestar em matéria do envelhecimento”, salienta Mariana Ramos.
Outro projeto “muito importante” é o programa de apoio a pessoas em luto, que “conta com a parceria de vários profissionais de saúde mental e também de membros da comunidade, que desenham a oferta de oficinas dedicadas a temas em torno do luto e sessões de partilha com a presença de psicólogos”.
A ideia partiu de experiências vividas no território, que mostraram a necessidade de criar um “espaço de discussão” dedicado ao tema. “É um projeto que nos orgulha muito porque nasce com a comunidade, nasce a partir da comunidade e tem uma aceitação extraordinária, inclusive por parte dos técnicos que se envolveram.”
Estão previstas várias sessões nos primeiros três meses do ano, dirigidas a toda a população, por se tratar de uma questão “transversal”. “É um problema que todos nós, independentemente da idade, tem ou terá. E cada um lida à sua forma e nem sempre da melhor forma”, justifica Mariana Ramos. “Estamos habituados a programar aquilo que é bom e positivo. E parece que estamos sempre a empurrar o que é negativo para debaixo do tapete, mas não eliminando e não tratando a situação.”
Trabalho em comunidade
O Laboratório do Envelhecimento celebrou dois anos na semana passada, ocasião em que foi assinado o protocolo para a criação, no local, do primeiro pólo do Centro de Competências do Envelhecimento Ativo, estrutura que procura dar resposta às carências de qualificação dos profissionais que trabalham na área do envelhecimento em Portugal.
Até agora, o balanço do trabalho desenvolvido é “extremamente positivo”. “Não só por todos os reconhecimentos que o projeto já alcançou do ponto de vista de prémios, mas sobretudo a aceitação e o carinho de toda a população perante aquilo que vai sendo apresentado”, realça a vereadora. Na base do sucesso está a “cocriação”: trata-se de um lugar que “depende muito daquilo que é a visão da comunidade e do que a comunidade pretende do próprio espaço e das respostas que existem”.
Um trabalho de “combate ao idadismo” e em que “todos os dias” se “desconstrói a ideia de envelhecer ser uma coisa má”, culminando todos os anos no Festival Cabelos Brancos, um evento preparado por e para todos. “O grande desafio é ir ao encontro das expectativas da população e estar sempre atentos àquilo que é solicitado por parte da comunidade”, assinala. “Sermos cada vez mais uma resposta da comunidade e para a comunidade.”
Lançado em 2022, Longevidade é um projeto do Expresso – com o apoio da Novartis – com a ambição de olhar para as políticas públicas na longevidade, discutindo os nossos comportamentos individuais e sociais com um objetivo: podermos todos viver melhor e por mais tempo.
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