“Legado” é o mote que inspira a edição deste ano do Festival Cabelos Brancos, que decorrerá em Ílhavo entre 22 e 24 de setembro. O Jardim Henriqueta Maia vai ser palco, ao longo de três dias, de atividades que vão desde concertos, oficinas, feiras e atividades desportivas até um espetáculo de teatro comunitário.
A população mais velha tem estado envolvida em toda a organização do festival, “não só na preparação dos momentos culturais, mas também em toda a criação de merchandising e objetos decorativos”, diz ao Expresso a vereadora da Câmara de Ílhavo, Mariana Ramos. “Há oficinas que têm decorrido durante todo o verão para a preparação daquilo que estará na área do festival, disperso por todo o jardim.”
O evento traduz-se numa mostra daquilo que é trabalhado ao longo do ano com esta faixa etária – que o município intitula “Maior Idade” –, tanto pela autarquia como por entidades como as IPSS ou a universidade sénior. Um “trabalho em rede” que culmina no festival, um “momento de encontro e celebração da comunidade em torno do envelhecimento, que tem de ser muito ativo e o mais tranquilo possível”, aponta Mariana Ramos.
“Queremos apresentar à comunidade aquilo que está a ser feito para que as pessoas se sintam acompanhadas, protegidas, que exista resposta para a sua expectativa e procura ao nível de ocupação e de se manterem verdadeiramente ativas e sãs”, resume. O principal exemplo é o Laboratório do Envelhecimento, um projeto que nasceu no ano passado em Ílhavo para aumentar o conhecimento sobre este processo e que promove atividades de estimulação cognitiva e criação artística.
Foi neste âmbito que surgiu, por exemplo, o “Coro da Memória”, destinado a maiores de 65 anos, independentemente de saberem cantar ou não. “É resultado de uma equipa intergeracional e de músicos profissionais que trabalham com os idosos e que envolve a questão da prevenção da demência”, explica a vereadora. No festival, a atuação será no dia 22, pelas 21h.
Ainda na música, destaque para a oficina de canto lírico e para uma jam session a tricotar, ambas na tarde de dia 23. Do programa fazem ainda parte espetáculos de nomes conhecidos do público em geral, como Fernando Mendes e Bonga. Isto porque o objetivo é “criar uma oferta que seja o mais alargada possível”, promovendo uma dinâmica intergeracional.
“Tentamos combater o idadismo, esta clivagem enorme que ainda existe relativamente àquilo que é ser velho e aquilo que não é ser velho. É chamar os jovens: venham aprender a tricotar, sentem-se aqui, aprendam com os mais velhos. E, por outro lado, ter os mais novos a ensinar a cantar, a tocar um instrumento”, retrata Mariana Ramos. Todos são chamados a “experimentar algo”. “Não há idade para quem queira aprender. É muito importante passar essa mensagem. Não há limites.”