Desapareceu este domingo um homem que chegou a ser um dos mais poderosos da Turquia, sem nunca ter exercido qualquer cargo público. Muhammed Fethullah Gülen foi uma figura quase mitológica e escreveu um nebuloso e misterioso capítulo da história mais recente do seu país, própria de um enredo de telenovela turca, tão em voga estes dias.
Ao longo de mais de uma década, na sua quinta isolada e superprotegida na Pensilvânia rural, este ideólogo e pregador islâmico — que defendia a coexistência das religiões, apregoava a tolerância entre movimentos e seguia uma versão moderada do sufismo islâmico — conseguiu controlar um vasto império político, religioso e social com profundas ramificações na Turquia e em muitos países de África, Ásia e Médio Oriente. O seu movimento Hizmet (ao serviço, em turco) infiltrou profundamente a sociedade turca.