O secretário-geral da ONU, António Guterres, escusou-se hoje a responder se espera que Portugal reconheça o Estado da Palestina na próxima semana, indicando que "não dará conselhos" ao seu próprio país.
Questionado pela agência Lusa, em Nova Iorque, sobre se espera que Portugal se junte à lista de países que na próxima semana vão reconhecer o Estado da Palestina, António Guterres respondeu em português: "não vou dar conselhos ao meu próprio país".
O líder das Nações Unidas referiu, no entanto, que viu hoje declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros português, nas quais Paulo Rangel afirmou que "não vê nenhum obstáculo a esse reconhecimento".
Na próxima semana, a ONU vai acolher a Conferência para a Solução de Dois Estados, onde países como França, Reino Unido, Canadá, Bélgica e Austrália deverão formalizar o reconhecimento do Estado palestiniano.
O evento surgiu depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, se ter comprometido a reconhecer o Estado da Palestina durante a Assembleia Geral da ONU, intenção que foi seguida por outros líderes internacionais.
António Guterres considerou essa reunião "da maior importância": "porque no momento em que se fala de possíveis anexações, nomeadamente da Cisjordânia, no momento em que assistimos à destruição sistemática em Gaza, é essencial reafirmar o direito do povo palestiniano à autodeterminação".
"É essencial reafirmar o seu direito a ter um Estado e que a solução dos dois Estados seja à base da paz e da segurança para os dois povos. E nesse sentido, esta reunião é de extrema importância", defendeu o antigo primeiro-ministro português.
Na ótica da ONU, Guterres afirmou que "é do interesse das Nações Unidas que o maior número possível de Estados reconheça o Estado Palestiniano", que tem hoje estatuto de Estado Observador.
Ainda sobre o reconhecimento do Estado palestiniano, António Guterres indicou que "aprecia de forma muito positiva" a posição do Governo espanhol na "defesa dos interesses do povo palestiniano".
"Vimos a posição do Governo espanhol, que está na vanguarda da defesa dos interesses do povo palestiniano, e isso é algo que apreciamos muito positivamente", afirmou o líder da ONU, numa conferência de imprensa em que fez a antecipação da Semana de Alto Nível da 80ª Assembleia-geral da ONU (UNGA80, na sigla em inglês), na qual são esperados cerca de 150 chefes de Estado e de Governo de todo o mundo.
O Governo espanhol destacou-se entre os membros da União Europeia pelas críticas a Israel durante a guerra em Gaza e pela postura pró-Palestina, tendo tomado a medida de reconhecer o Estado palestiniano em maio passado, juntamente com a Irlanda e a Eslovénia.