O Presidente da Ucrânia apresentou esta terça-feira alguns números para mostrar a agressividade da guerra russa nas últimas semanas: só desde o início do atual mês de março, Kiev já contabilizou mais de 900 bombas russas lançadas contra o seu território. É uma média superior a 43 bombas por dia.
Além destas 900 bombas, as forças de Moscovo enviaram mais de 130 mísseis de vários tipos e ainda 320 ataques com drones.
“A Ucrânia já demonstrou que é capaz de aniquilar mísseis e drones dos terroristas russos, e também de destruir os seus aviões. Estas ações salvam milhares de vidas e permitem à economia ucraniana funcionar”, sublinhou Volodmyr Zelensky, numa publicação no Twitter.
“No entanto, precisamos de mais proteção – especificamente, um número realista de sistemas de defesa anti-aérea que os nossos parceiros possuem”, acrescentou ainda o Presidente ucraniano. Depois, lembrou que os sistemas norte-americanos Patriot, por exemplo, não foram criados “para ficarem num armazém a apanhar pó”.
“O terror russo tem de perder”, concluiu. Nas últimas semanas, o Kremlin tem focado a sua ofensiva contra a cidade portuária de Odessa, no sul da Ucrânia. Um dos bombardeamentos mais agressivos foi feito no início do mês, quando Zelensky e o primeiro-ministro grego estavam a 500 metros do local da explosão.
Metade dos votos em Putin são falsos?
Uma investigação do Novaya Gazeta, jornal russo e independente várias vezes censurado pelo Kremlin, concluiu que cerca de metade dos votos em Vladimir Putin nas eleições presidenciais deste fim-de-semana foram “falsificados”.
Segundo os dados publicados pelo Kremlin, votaram no sufrágio cerca de 74,5 milhões de russos, 64,7 milhões dos quais em Putin. No entanto, os jornalistas do Novaya usaram um método criado por Sergey Shpilkin, um analista político russo, e concluíram que pelo menos 31,6 milhões destes votos no atual presidente foram “fabricados”.
Segundo o jornal, isto indica que o nível de fraude nestas presidenciais foi maior do que em quaisquer outras eleições da Rússia moderna. Os votos eletrónicos (como o de Putin) foram excluídos dos cálculos.
A víuva de Alexey Navalny, o líder da oposição russa morto há um mês numa prisão da Sibéria, lançou duras críticas ao Kremlin e ao resultado eleitoral: “Mostramos a nós próprios e aos outros que Putin não é o nosso presidente. Não foi eleito por nós”, garantiu Yulia Navalnaya. A ativista pela democracia na Rússia promoveu um protesto a nível nacional no domingo, o último dia do sufrágio, que causou dificuldades às autoridades junto das mesas de voto.
Outras notícias:
> Na linha da frente, o ministério da Defesa russo anunciou a conquista de Orlivka, uma vila a oeste de Avdiivka, cidade na região de Donetsk que foi recentemente conquistada pelas tropas de Moscovo. Orlivka junta-se assim a Lastochkine, Stepove e Sieverne, outras terras ucranianas nsob controlo russo.
> Por outro lado, as autoridades russas em Belgorod anunciaram a retirada de 9 mil crianças da região, que faz fronteira com a Ucrânia e tem sido bastante atacada por forças pró-Kiev nas últimas semanas. Ontem, Putin garantiu que o objetivo é criar uma zona tampão na fronteira para proteger a população e infraestruturas.
> A primeira-ministra da Itália descartou a possibilidade de enviar tropas para a Ucrânia: esse passo levaria a uma “escalada perigosa que deve ser evitada a todo o custo", afirmou Giorgia Meloni num discurso no Senado. A entrada de forças ocidentais em território ucraniano tem sido discutida por várias líderanças europeias – incluindo Emmanuel Macron, o governo da Polónia, e até Charles Michel, presidente do Conselho Europeu.
> A Alemanha anunciou mais €500 milhões em ajuda militar para a Ucrânia. Ao mesmo tempo, o chefe da diplomacia da UE vai propor que 90% das receitas dos ativos russos congelados na Europa sejam canalizados para Kiev adquirir armas – e os outros 10% para melhorar a indústria de Defesa do país. Josep Borrel vai submeter a proposta a Bruxelas esta quarta-feira.