Guerra na Ucrânia

Polónia vai invocar o artigo 4º da NATO: Tusk alerta para conflito militar "mais próximo do que nunca desde a Segunda Guerra Mundial"

Donald Tusk fala de um momento sem precedentes para a Polónia desde 1945, e quer mais do que palavras da parte dos aliados da NATO

O primeiro-ministro da Polónia, Donald Tusk, acusou a Rússia de "provocação em grande escala", após a entrada de drones russos no espaço aéreo da Polónia.
Mateusz Slodkowski

A Polónia vai invocar o artigo 4º da NATO, que implica uma consulta formal dentro da aliança. A decisão foi tomada depois de uma conversa com o Presidente polaco, Karol Nawrocki, no seguimento da violação do espaço aéreo do país por drones russos, durante a noite.

“As Partes consultar-se-ão sempre que, na opinião de qualquer uma delas, a integridade territorial, a independência política ou a segurança de qualquer das Partes esteja ameaçada”, pode ler-se naquele artigo. De acordo com os registos da NATO, o artigo 4.º foi invocado apenas sete vezes desde a sua criação, em 1949, e a última aconteceu em 2022, logo após a invasão russa em grande escala da Ucrânia.

Tusk afirma que, embora aprecie todas as manifestações de solidariedade, “as palavras não são suficientes” e que a Polónia irá solicitar um apoio “muito maior” por parte dos aliados da NATO. Ainda assim, o primeiro-ministro polaco nota que os primeiros sinais dos membros da NATO demonstram a compreensão da gravidade da situação e da importância do apoio contínuo à Ucrânia neste contexto.

O governante polaco tem vindo a destacar o apoio da Polónia à Ucrânia na sua guerra com a Rússia, afirmando que estas medidas são também fundamentais para a segurança da Polónia. Tusk alerta para a perspetiva de um conflito militar estar "mais próxima do que em qualquer outro momento desde a Segunda Guerra Mundial", dizendo que as violações da noite passada são apenas uma parte do cenário de segurança mais amplo, com a Rússia e a Bielorrússia a prepararem-se para realizar exercícios militares "agressivos" ainda esta semana.

"Não há razão para afirmar que estamos em estado de guerra... mas a situação é significativamente mais perigosa do que todas as anteriores", admite o líder do Governo da Polónia.

Até ao momento, há divergências quanto ao número de drones envolvidos na incursão, mas Tusk fala para já em 19 violações do espaço aéreo polaco durante a noite, e em quatro drones abatidos. No Parlamento, informou os deputados de que o Exército polaco decidiu intensificar a sua resposta aos ataques russos à Ucrânia pouco depois das 22:00 locais. A primeira violação do espaço aéreo polaco ocorreu por volta das 23:30 de terça-feira, e a última foi reportada às 06:30 desta manhã. "Isto dá uma ideia da escala desta operação", vonca.

Na mesma linha, os relatórios preliminares indicam que ocorreram 19 violações do espaço aéreo, com um número significativo de drones a atravessar a fronteira da Polónia com a Bielorrússia.

O Presidente polaco convocará uma reunião do conselho de segurança dentro de 48 horas. Karol Nawrocki decidiu convocar uma reunião do conselho de segurança nacional dentro de 48 horas, acrescentando que a situação foi um momento sem precedentes na história da NATO e da Polónia.

Esta manhã, a presidente da Comissão Europeia declarou, no seu discurso habitual do Estado da União, que se solidariza totalmente com a Polónia depois de drones de um ataque russo no oeste da Ucrânia terem entrado no espaço aéreo polaco. Também o presidente do Conselho da UE, António Costa, escreveu no X: "Os acontecimentos da noite passada são um lembrete claro de que a segurança de um é a segurança de todos."