Líderes da Transição

Missão: acelerar a transição energética nas ilhas a partir dos Açores

Andreia Carreiro assume-se como “entusiasta” da descarbonização e recebeu a distinção “Women in Energy” atribuída pela Comissão Europeia. Esta é uma das 20 personalidades portuguesas selecionadas pelo Expresso para integrar a lista daqueles que lideram a transição para um mundo mais verde. Acompanhe esta descoberta até dezembro com o projeto Líderes da Transição, do Expresso com apoio da EDP

Aos 36 anos, a açoriana Andreia Carreiro tem dedicado a carreira ao sector da energia, uma área em que, acredita, continua a faltar representação feminina. A consciência social que a caracteriza foi uma das razões que motivou a criação do projeto “Women Energy Portugal”, através de proposta dos membros do programa "Future Energy Leaders Portugal", que pretende estimular a igualdade de género num sector ainda dominado por homens. Aliás, segundo dados da Agência Internacional de Energia e do Fórum Económico Mundial, as mulheres representam apenas 16% da força de trabalho no sector.

Andreia Carreiro faz parte destas estatísticas e entra nos 11% de empreendedoras e fundadoras de startups de energia, não tivesse sido uma das fundadoras da Kinergy, uma empresa sediada no arquipélago dos Açores. “Sou uma entusiasta da transição energética, por acreditar que é pela energia que conseguimos atuar da melhor forma para combater efetivamente as alterações climáticas”, apresenta-se. Foi isto que a levou a criar a startup, nascida para promover a transição energética em ilhas.

“Temos de dar incentivos para que as pessoas fiquem realmente entusiasmadas para poderem ter uma vida mais sustentável e trabalharem também nas questões da eficiência energética e da transição energética”

Mas o seu percurso no sector começou muito antes e levou-a até ao cargo de Diretora Regional de Energia dos Açores, entre 2016 e 2020, através do qual teve oportunidade de definir estratégias para a região e produzir legislação que serviu de base à promoção da mobilidade elétrica no arquipélago. Em setembro de 2022, foi eleita para as “Women in Energy” pelos Prémios Europeus de Energia Sustentável ("EUSEW Awards", em inglês) pelo longo currículo que acumula.

“Ficaria muito feliz que conseguíssemos alcançar todos os objetivos que temos nas nossas estratégias, quer a nível europeu quer a nível nacional, nomeadamente no âmbito do Roteiro para a Neutralidade Carbónica”, destaca a empreendedora, que lembra que “2030 é já daqui a uns dias”.

IDEIA MICRO | ELETRODOMÉSTICOS MAIS EFICIENTES

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Andreia Carreiro defende ser “absolutamente fundamental falarmos de sustentabilidade nas escolas” para, desde cedo, sensibilizar a população para a importância de adotar comportamentos que protejam o meio ambiente. Se todos tiverem mais ferramentas para compreender questões como a descarbonização e os seus impactos, a transição para um planeta mais verde será mais fácil.

Mas porque esta é uma medida cujos efeitos demoram décadas a surtir efeito, há escolhas mais pequenas e individualizadas que podem ter consequências imediatas. “Enquanto indivíduos, podemos escolher os equipamentos que estão à nossa volta, que são dimensionados para as nossas necessidades e escolhermos aqueles que são energeticamente mais eficientes”, sugere a especialista em energia.

Se isto se aplica a frigoríficos, máquinas de lavar roupa ou loiça e até a micro-ondas, o mesmo acontece com a forma como nos deslocamos. “A transição na nossa mobilidade é absolutamente fundamental. Se tivermos um carregamento do carro [elétrico] de forma adequada, conseguimos percorrer 100 quilómetros por menos de €2”, exemplifica.

IDEIA MACRO | GARANTIR CUMPRIMENTO DAS METAS

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Quando o desafio é a pontar uma ideia macro que possa ter impacto na sustentabilidade e que possa ser adotada pelo Estado, Andreia Carreiro, ela própria habituada a mover-se nos corredores da administração pública, acredita que a melhor medida é cumprir os objetivos definidos. “Quando lançamos iniciativas, políticas ou metas, devemos conseguir garantir que temos todas as condições para as poder operacionalizar”, explica.

E este é mesmo um ónus que recai sobre os ombros do poder público, porque “enquanto pessoas não temos as condições para alcançar [esses objetivos macro]”. “Portanto, este seria o meu contributo: quando os líderes políticos ou de empresas lançam metas, conseguirmos garantir que elas são exequíveis”.

São académicos, empresários e ativistas com vontade de mudar o mundo para melhor, um passo de cada vez. O projeto Líderes da Transição, do Expresso com apoio da EDP, selecionou 20 personalidades portuguesas com percurso assinalável na jornada da sustentabilidade e vai partilhá-lo com os leitores até dezembro. Ao longo de 10 semanas, o Expresso publica as suas histórias, percursos e ambições para incentivar a transição para um futuro mais verde.