Chama-se César Martins e encontra na química a sua paixão. Mas o fundador da ChemiTek é muito mais do que apenas um CEO que gosta de experimentar no laboratório, é um empreendedor que quer colocar a ciência e o empreendedorismo ao serviço do planeta. “Aqui fazemos produtos químicos e os produtos químicos têm sempre a conotação de que são maléficos, mas o nosso mindset é pensar no futuro, não no imediato”, enquadra. César Martins é um dos 20 Líderes da Transição, um projeto do Expresso com o apoio da EDP que destaca personalidades portuguesas que estão a contribuir para a construção de um futuro melhor.
Licenciado em Biotecnologia pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo e especializado em nanotecnologia, César Martins tem o bichinho da inovação a correr-lhe no sangue. Em 2014, registou a primeira de várias patentes em que é identificado como inventor e que servem de base aos produtos que comercializa através da empresa que fundou em 2018. “Considero-me um líder da transição porque a ChemiTek faz produtos para a proteção e limpeza de painéis solares, que é uma [fonte de] energia renovável e temos de a tornar mais green”, resume em entrevista ao Expresso.
“Temos de reduzir o nosso consumo, olhar para produtos locais e estar disponíveis a pagar mais um pouco para ter um produto mais amigo do ambiente”
O portefólio de soluções que o empreendedor trouxe para o mercado inclui, além de produtos de limpeza para painéis solares, alternativas sustentáveis e biodegradáveis para limpar comboios, autocarros e outros veículos pesados. O objetivo é apoiar a economia no processo de descarbonização através da criação de produtos inovadores e verdes. “Isto faz-nos pensar desde a própria embalagem, do rótulo ou das matérias-primas que constituem os nossos produtos de forma a serem amigos do ambiente”, acrescenta.
IDEIA MICRO | CONSUMIDORES MAIS ATENTOS
Todos têm um papel no desígnio comum que é a transição para uma economia neutra em carbono e isso reflete-se em pequenos gestos que, a pouco e pouco, contribuem para a mudança de paradigma. César Martins vê na “educação” do consumidor um dos caminhos para envolver toda a população na transição. “Uma coisa que todos podemos fazer em casa é ter atenção a quanto tempo demoramos a tomar banho ou quantas descargas fazemos na nossa casa de banho”, aponta.
“Uma coisa que estamos a implementar para o futuro é ter no rótulo dos nossos produtos qual o impacto que têm no ambiente”
Como compradores de bens e serviços, os consumidores devem, defende o empreendedor, olhar para os rótulos dos produtos e tentar perceber “o impacto de CO2 ou do consumo de água” que determinado produto carrega. “Não só olhar para o preço, mas olhar também para o impacto que aquele produto tem”, reforça. Este é, de resto, um trabalho que a própria ChemiTek está a fazer, procurando incluir nos seus rótulos os impactos dos produtos no ambiente, mas também os benefícios que trazem ao mundo e ao cliente final.
IDEIA MACRO | FISCALIDADE VERDE
A velha máxima de que “o exemplo vem de cima” aplica-se à sugestão de César Martins que nem uma luva: o empresário pede que os governos criem uma classificação ambiental para cada indústria e um sistema de incentivos à sustentabilidade. “Fazer com que as empresas que contribuem para um futuro melhor tenham algum benefício – fiscal ou seja de que forma for – para fazermos um ranking para a melhoria da indústria”, explica.
Na prática, a ideia assemelha-se a uma política de fiscalidade verde em que os produtos mais amigos do ambiente têm uma vantagem fiscal. Um exemplo prático de como este tipo de medidas já é aplicado é a venda de sacos de plástico nos supermercados, que são tributados como foram de desincentivar a sua utilização. “O mundo é só um, todos respiramos o mesmo ar e, por isso, temos de contribuir não só para nós, mas para os outros e para o nosso futuro”, diz.
São académicos, empresários e ativistas com vontade de mudar o mundo para melhor, um passo de cada vez. O projeto Líderes da Transição, do Expresso com apoio da EDP, selecionou 20 personalidades portuguesas com percurso assinalável na jornada da sustentabilidade e vai partilhá-lo com os leitores até dezembro. Ao longo de 10 semanas, o Expresso publica as suas histórias, percursos e ambições para incentivar a transição para um futuro mais verde.