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Trabalho

Plataformas digitais não explicam se e como vão cumprir a lei laboral

O Expresso questionou as várias plataformas digitais a operar em Portugal, depois de a Bolt ter admitido que não planeia integrar motoristas ou estafetas, mas nenhuma respondeu

Vínculos dos trabalhadores das plataformas estão entre as várias alterações propostas pelos partidos ao diploma do Governo
José Fernandes

Foi Nuno Inácio, responsável pela Bolt em Portugal, quem abriu a caixa de Pandora. Em entrevista ao “Negócios”, decidiu ‘desmontar’ a nova lei laboral criada para as plataformas, mostrar que é simples contorná-la, para depois admitir que quando entrar em vigor, em abril, a Bolt não tem intenção de a cumprir e dar contrato de trabalho a 20 mil motoristas e cerca 20 mil estafetas ativos na plataforma. A opção será “adaptar a operação”. Com isso, garante, o risco de que a plataforma seja considerada empregador “não será substancial”. O Expresso questionou as plataformas se tencionam cumprir a lei ou contorná-la. Nenhuma respondeu.

As questões eram simples: vão cumprir a lei e integrar os motoristas e estafetas ativos na plataforma; quantos motoristas e estafetas poderão ser integrados; se não, que alternativas ponderam implementar para contornar as imposições legislativas; suspender atividade em Portugal é uma hipótese? Mas nem assim a Uber, Glovo e a própria Bolt deram ao Expresso uma resposta direta, ainda que Nuno Inácio tenha admitido publicamente, há duas semanas, que a Bolt não tem intenção de integrar estafetas, como determina a nova lei.