Regressar ao nível de vida que as classes médias tinham por volta dos anos 1960 e diminuir consideravelmente o consumo não são balas de prata, mas o caminho mais pragmático a seguir para salvar o planeta das ameaças ambientais e das alterações climáticas. É o que defende há vários anos Vaclav Smil, cientista e analista político checo-canadiano, professor emérito da Universidade de Manitoba e membro da Royal Society of Canada. O autor de “How the World Really Works: The Science Behind How We Got Here and Where We're Going” (livro nomeado para o Prémio Balsillie de Políticas Públicas de 2022) esteve em Lisboa a convite da Sociedade Francisco Manuel dos Santos para participar no evento Changers, um programa da Sociedade dirigido aos quadros superiores das empresas do grupo e convidados, que reúne um conjunto de oradores mundialmente reconhecidos.
Em entrevista exclusiva ao Expresso, o pensador e investigador de energia, alterações ambientais e populacionais, produção alimentar e história da inovação técnica garante que os temas do ambiente não são vistos de forma holística, e que há crenças muito ingénuas que ainda é preciso combater. Oferece, por isso, a sua visão mais pragmática, ou, como muitos dirão, mais cética ou cínica.
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Vaclav Smil: “Quem teria dito em 1980 que aquilo que determinaria o aquecimento global seria o Partido Comunista da China? Ninguém, certo?”
O cientista e politólogo Vaclav Smil considera que é preciso diminuir expectativas e fazer esforços individuais. Os atuais níveis de consumo são incompatíveis com a nossa vida futura na Terra. De passagem por Lisboa e em entrevista ao Expresso, o pensador checo-canadiano, que recebeu o prémio da Associação Americana para a Compreensão Pública da Ciência e Tecnologia em 2000, e já foi considerado um maiores pensadores globais para a Foreign Policy, desconstrói mitos criados em torno de soluções tecnológicas e energias verdes, mostrando como os humanos têm pensado mal sobre estes temas