Energia

REN coloca em operação nova linha de muito alta tensão no Tâmega para escoar energia das barragens da Iberdrola

Trata-se de uma "infraestrutura estratégica para o reforço" da rede, “permitindo a integração segura de produção de eletricidade a partir de fontes de energia renováveis no sistema elétrico nacional”

JOSÉ COELHO/Lusa

Já está operacional a nova linha de muito alta tensão que vai ajudar a escoar para a rede toda a energia elétrica de origem renovável produzida nas três centrais hidroelétricas da empresas espanhola Iberdrola no Tâmega, entre outras localizadas na região. A garantia foi dada pela REN – Rede Eléctrica Nacional, ao anunciar a colocação em serviço de uma linha que integra o eixo a 400 kilovolts (kV) entre as subestações de Feira e Ribeira de Pena.

Diz a operadora da Rede Nacional de Transporte de eletricidade que se trata de uma "infraestrutura estratégica para o reforço" da infraestrutura, "permitindo a integração segura de produção de eletricidade a partir de fontes de energia renováveis no Sistema Elétrico Nacional". Segundo a REN, esta nova linha integra o eixo de muito alta tensão que "permite ligar sustentadamente à rede diversas centrais, entre as quais as centrais hidroelétricas de Gouvães, Daivões e Alto Tâmega (Sistema Electroprodutor do Tâmega), servindo ainda para o escoamento de outras centrais renováveis das regiões do Minho e de Trás-os-Montes".

O traçado da linha tem uma extensão de 93 quilómetros, tendo o projeto envolvido a instalação de 256 novos apoios, correspondentes a cerca de 7.846 toneladas de estruturas metálicas, e a colocação de 1.272 quilómetros de cabos elétricos, explica a REN em comunicado. A obra na qual foram aplicados 8.946 metros cúbicos de betão, implicou a abertura de 383 hectares de faixas de servidão, o que acabou por envolver 1.767 proprietários, revela a empresa.

É a esta linha elétrica que se deverá ligar o novo megaprojeto para uma nova barragem que a Iberdrola tem projetada para o Tâmega, caso vá avante. No final de agosto, a Agência Portuguesa do Ambiente considerou insuficiente a documentação preliminar sobre o projeto da central hidroelétrica do Minhéu, em Vila Pouca de Aguiar, na região do Alto Tâmega, que prevê uma produção equivalente a mais de 5% do atual consumo de eletricidade em Portugal. A empresa enfrenta ainda a oposição da Acciona. A espanhola terá agora de fazer várias melhorias na documentação sobre o projeto para poder avançar com o licenciamento ambiental.

Trata-se de uma nova central hídrica de bombagem, com um reservatório artificial, e uma potência de 1,3 gigawatts (GW), o que a tornará a maior unidade de produção de eletricidade no país, acima da central de ciclo combinado a gás natural do Ribatejo (1176 MW) e da termoelétrica da Tapada do Outeiro (990 MW). Com previsões de conclusões em 2032 ou 2033, a central do Minhéu será uma nova etapa do complexo hídrico do Tâmega, um sistema de três barragens com uma potência instalada de 1158 MW, dos quais 880 MW em Gouvães, onde está neste momento a maior central hidroelétrica do país. Deverá ter uma produção anual de eletricidade de 2,5 a 3 terawatts hora (TWh)

Os dados mais recentes da REN mostram que entre janeiro a agosto de 2025 a produção renovável representou 71% do consumo de eletricidade em Portugal continental, repartido pela hidroelétrica com 30%, a eólica com 24%, a solar fotovoltaica com 12% e a biomassa com 5%.