A EDP anunciou o lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP Brasil, da qual detém 56%, para comprar as ações que estão nas mãos de acionistas minoritários. E para financiar essa aquisição a elétrica portuguesa revelou que pretende realizar um aumento de capital de mil milhões de euros.
O anúncio foi feito na madrugada desta quinta-feira, horas antes de o grupo EDP apresentar ao mercado uma atualização do seu plano de negócios.
Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a EDP indica que o preço oferecido aos acionistas minoritários da EDP Brasil é de 24 reais por ação, o que corresponde, para os 240,2 milhões de títulos objeto da OPA, a um investimento potencial de 5,77 mil milhões de reais (quase 1040 milhões de euros ao câmbio atual).
Este preço, ao qual a EDP chegou apoiada numa avaliação da EY - Ernst & Young, representa um prémio de 22,26% sobre o valor de fecho das ações da EDP Brasil na passada quarta-feira. Para a OPA a EDP contratou como intermediário o banco BTG Pactual, participando ainda na assessoria financeira o banco Morgan Stanley.
Para financiar esta OPA a EDP pretende lançar um aumento de capital de mil milhões de euros, revelou a elétrica portuguesa num outro comunicado à CMVM, tendo já celebrado acordos com os seus principais acionistas (incluindo a China Three Gorges) para estes se comprometerem a investir 600 milhões de euros nesse aumento de capital na EDP.
E outro aumento de capital na EDP Renováveis
Paralelamente ao aumento de capital de mil milhões de euros na EDP para financiar a OPA sobre a EDP Brasil, a EDP Renováveis anunciou à CMVM um aumento de capital também de mil milhões de euros para financiar o seu crescimento.
As novas ações serão subscritas pelo grupo GIC, a um preço entre 19,25 e 20,5 euros por ação, com a EDP Renováveis a admitir a possibilidade de colocar ainda 150 milhões de euros junto de investidores qualificados ao mesmo preço que for fechado com a GIC.
O anúncio surge depois de esta quarta-feira a agência Reuters ter noticiado que a EDP Renováveis estaria a sondar potenciais investidores, incluindo fundos soberanos, para entrarem no seu capital.
Na segunda-feira, uma nota de análise do banco de investimento Goldman Sachs apontava em sentido contrário, indicando que a nova política de remuneração acionista da EDP Renováveis provavelmente afastaria a necessidade de um aumento de capital.
Ao anunciar os seus resultados de 2022, com um lucro de 671 milhões de euros (mais 2% que no ano anterior), a EDP Renováveis comunicou também ao mercado a intenção de pôr em prática uma nova política de remuneração acionista, que passa por acabar com a tradicional distribuição de dividendos, e, em vez disso, distribuir direitos sobre novas ações.
Esta solução permitiria à EDP Renováveis reduzir os seus encargos com o pagamento de dividendos, uma vez que o seu maior acionista, a EDP (com quase 75% do capital), desde logo assumiu que pretenderia ficar com os direitos (e as ações), e não exigir uma contrapartida monetária por esses títulos. Ao reduzir os encargos anuais com dividendos a EDP Renováveis liberta mais recursos para reinvestir em novos projetos nas várias geografias em que opera.
Atualmente a EDP detém 74,98% da empresa de energias limpas e os restantes 25,02% estão dispersos no mercado, detidos por fundos de investimento, pequenos acionistas individuais, fundos de pensões, entre outros.
Já em 2021 a EDP Renováveis realizou um aumento de capital de 1,5 mil milhões de euros, que ajudou a empresa a financiar o seu crescimento. No final desse ano a empresa portuguesa avançou para a compra da Sunseap, empresa com sede em Singapura que se tornou a porta de entrada do grupo EDP no sudeste asiático.
Notícia atualizada às 4h22 com mais informação sobre aumento de capital na EDP Renováveis.