ARQUIVO WikiLeaks

Ameaça britânica de resgatar Assange é "intolerável"

Assembleia Nacional do Equador avalia hoje a "ameaça insólita e prepotente de invadir a embaixada (equatoriana) em Londres" para deter o fundador do WikiLeaks.
Cidadãos equatorianos protestam junto à embaixada do Equador em Londres contra a intenção britânica de invadir a representação diplomática para deter Julian Assange
Soledad Contreras/EPA

A Assembleia Nacional do Equador vai analisar hoje, numa sessão extraordinária, a comunicação enviada pelo Reino Unido, que ameaça invadir a representação diplomática equatoriana para deter o fundador do WikiLeaks Julian Assange.  

A sessão sobre a "ameaça insólita e prepotente de invadir a embaixada (do Equador) em Londres" tem início agendado para as 21h locais (3h de sexta-feira em Lisboa), informou a Assembleia Nacional equatoriana no seu portal da Internet.  

O órgão condenou, com base na Constituição do Equador e no respeito pelas relações internacionais, "a ingerência dos Estados nos assuntos internos de outros Estados e qualquer forma de intervenção", considerando as intenções do Reino Unido como uma "ameaça intolerável".  

O Governo do Equador disse ter recebido uma comunicação do homólogo britânico ameaçando adotar medidas para deter Julian Assange, que se encontra na embaixada equatoriana em Londres, desde junho, a aguardar a resposta ao seu pedido de asilo, prevista para hoje.  

O Governo de Londres afirmou na quarta-feira ter a "obrigação legal" de extraditar para a Suécia o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, como decidiu o Supremo Tribunal de Justiça britânico.  

Assange é reclamado pela Suécia por alegada violação e agressão sexual a duas mulheres que conheceu numa viagem a Estocolmo em agosto de 2010, com as quais garante ter tido relações sexuais consentidas.  

O fundador do WikiLeaks alega que estas acusações poderão ser parte de uma perseguição e de um plano para que seja extraditado para os Estados Unidos.  

O australiano, de 41 anos, foi detido em Londres em dezembro de 2010, precisamente depois de o seu portal ter divulgado milhares de telegramas diplomáticos confidenciais dos Estados Unidos.