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Países da América Latina unidos pró-Assange

ALBA, bloco liderado pela Venezuela, adverte Reino Unido para consequências de eventual invasão da embaixada do Equador em Londres. UNASUL pede diálogo e OEA discute caso Julian Assange na próxima quinta-feira.
Ministros da União das Nações Sulamericanas (UNASUR), no final da reunião ontem em Guayaquil
Reuters

Maria Luiza Rolim (www.expresso.pt)

A Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA) e a União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) apoiam o Equador na crise gerada pela concessão de asilo político ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange.

No final da reunião ontem realizada na cidade equatoriana de Guayaquil, um dia depois do encontro dos ministros da ALBA, a UNASUL expressou "solidariedade e apoio ao Governo do Equador ante a ameaça de violação da sua missão diplomática" em Londres, e reiterou "o direito soberano dos Estados de conceder asilo".

Num comunicado lido pelo secretário-geral do grupo, o venezuelano Alí Rodríguez, a UNSAUL condenou "a ameaça do uso da força entre os Estados", apelou "ao diálogo" entre as partes e reafirmou "o princípio do direito internacional de que não se pode invocar o direito doméstico para deixar de cumprir uma obrigação do direito internacional" (em alusão a uma lei interna britânica que permite a invasão de embaixadas).

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UNASUL foram convocados pelo Equador, que afirma que o Governo britânico ameaçou invadir a sua embaixada para prender Assange. Participaram no encontro o representante do Equador, Ricardo Patiño; da Venezuela, Nicolás Maduro; Colômbia, María Angela Holguín; Uruguai, Luis Almagro; Peru, Rafael Rocaglioloo; e Argentina, Héctor Timmerman.

Equador pode apelar ao tribunal de Haia

No dia anterior, sábado, reuniram-se os ministros da ALBA, tendo sido subscrita uma declaração conjunta com oito ítens, rechaçando as "ameaças intimidatórias" (do Governo britânico) e ratificando "o apoio categórico ao direito soberamo do Governo do Equador de outorgar asilo diplomático ao cidadão Julian Assange". 

Ao comentar o documento, o ministro venezuelano, Nicolás Maduro, disse esperar que as "ameaças" contra o Equador "não passem do papel, que prevaleça a sensatez, e que não tenhamos de viver o momento difícil, complexo e doloroso de ter que reagir face a uma violação grave do direito internacional".

O encontro da ALBA na cidade costeira equatoriana de Guayaquil contou com a presença do Presidente do Equador, Rafael Corrêa. "Isso (a ameça do Reino Unido de invadir a embaixada do Equador em Londres) merece uma resposta contundente, unánime, de todos os paísess que defendem os princípios do direito internacional", enfatizou Corrêa.

O ministro equatoriano, Ricardo Patiño, por sua vez, disse que o seu Governo admite a possibilidade de apelar ao tribunal de Haia, a fim de "tentar uma solução judicial para esta querela com o Reino Unido".

Na próxima quinta-feira, realizar-se-á uma reunião mais ampla de ministros dos Negócios Estrangeiros daquele continente, convocada pela Organização de Estados Americanos (OEA), para uma tomada de posição conjunta sobre a controvérsia entre o Reino Unido e o Equador devido à concessão de asilo político a Assange.

Polícia de Londres nega tentativa de invasão da embaixada

Entretanto, a Scotland Yard negou haver entrado ou tentado entrar na embaixada equatoriana. A Policía Metropolitana assegurou hoje à agência Efe que "não entrou" e "não tentou entrar" nas referidas instalações diplomáticas na passada quarta-feira para deter Assange, ao contrário do que o ativista afirmou.

O Reino Unido voltou a insistir que "não há ameaça alguma" (de invasão da embaixada equatoriana em Londres) e reafirmou a sua "obrigação legal" de extraditar o ex-hacker australiano para a Suécia, país que pede a  extradição de Assange para responder por alegados delitos sexuais.