Algumas espécies de melão do Vale da Vilariça quase em extinção foram recuperadas pela Associação de Regantes, em colaboração com outras entidades. Este projeto demorou seis anos a ser executado, mas foi coroado de êxito.
A produção de melão continua a fazer-se embora não seja nas variedades tradicionais do Vale da Vilariça. Para este efeito, foi levado a cabo um projeto de investigação no qual a própria Associação participou juntamente com técnicos da UTAD e da Direção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes, num trabalho que foi faseado. "Uma fase passou pela recuperação da semente que estava praticamente perdida no tempo. O segundo passo foi melhorar as qualidades do próprio melão, porque era um melão que crescia e partia muito. Foi melhorado e já há alguma semente disponível, e está registado no catálogo nacional de variedades, como é o caso do "melão lagarto" e do "melão carrasco", contou, ao Nosso Jornal, o presidente da Associação de Regantes do Vale da Vilariça, Fernando Brás.
Para o futuro, esta agremiação vai realizar uma campanha de sensibilização junto dos agricultores para adotaram a sementeira destas espécies. "O melão da Vilariça é um produto totalmente diferente e pode haver um mercado específico. Estamos a falar em tamanho, porque a espécie desadaptou-se ao longo do tempo e foi perdendo algumas qualidades. Como para o mercado o aspeto é importante, primeiro são os olhos, por isso tínhamos que tornar o melão mais apetecível, para além de melhorar um pouco as qualidades organolépticas".
O dirigente sustentou que este projeto, em parceria com a Direção Regional e com a UTAD, foi a melhor coisa que se podia fazer" na defesa de um produto que é um património desta região do país.
Seis anos de investigação e sementes em "banco de genoplasma"
O desenvolvimento deste projeto foi longo, houve duas fases de investigação: uma primeira fase de três anos e a segunda também de três anos. "Foi difícil recuperar a semente mas neste momento damos garantias que esse património está recuperado e preservado. Essas sementes também estão congeladas, num banco de genoplasma na UTAD, em Vila Real".
De sublinhar que, a Direção Regional também deu sementes aos agricultores que participaram na altura no projeto de investigação com campos de melão.
Uma outra variedade de melão, o "moscatel", muito característico deste vale terá também de ser recuperado.
Quanto às definições de cada variedade, o melão lagarto é verde e amarelo, enquanto o carrasco é somente verde e o moscatel também é esverdeado. "Será sempre uma mais-valia mesmo que se faça em pequenas quantidades, já que é um produto diferenciado no mercado, e pode estar perfeitamente direcionado para determinadas pessoas. Quando as pessoas vão comprar um melão branco vão sempre ao rabo do melão apalpar para ver se está maduro. Porém, não é assim que se vê se o melão branco está maduro. Este hábito é oriundo precisamente do melão da Vilariça, porque era assim que se fazia para saber se estava ou não maduro, ele ficava um bocadinho mole no rabo. São hábitos antigos", contou Fernando Brás. "Está recuperado, agora falta o passo seguinte, que é avançar com as plantações de melão, incentivar os agricultores e arranjar mercado para esse produto", realçou.
O tamanho dos melões (lagarto e carrasco) da Vilariça vai de 1 quilo aos 3 quilos, sendo bastantes aromáticos e muito doces.