Depois de dois anos de investigação, pesquisa e identificação de espécies, nasceu a Plataforma da Biodiversidade, uma ferramenta web, apresentada no dia 29, que leva os cibernautas a uma visita virtual fidedigna pelo património natural do concelho vila-realense.
Desenvolvida pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) no âmbito do Programa de Preservação da Biodiversidade de Vila Real, dinamizado pela autarquia, a nova plataforma representa "um grande passo" para o desenvolvimento da biodiversidade ao convidar "as pessoas a explorar, através da internet, o concelho". "Depois, certamente sentirão a vontade de visitar o concelho e procurar algumas das espécies", sublinhou Miguel Esteves, vereador responsável pelo pelouro do ambiente na Câmara Municipal.
Segundo o mesmo responsável, a página da internet, que vai contar com "uma atualização permanente", surge como "o corolário do trabalho de monitorização no terreno realizado pela UTAD" e permitirá ao utilizador "saber onde se encontram determinadas espécies no território" tendo a "georreferenciação como uma das grandes novidades.
Podendo proceder a pesquisas por espécie ou por zonas, o visitante da plataforma poderá obter todas as informações sobre a biologia, o habitat, o estado de conservação de cada espécie animal ou vegetal, bem como "dispor de imagens e inclusive enviar novas informações que conheça".
Pioneiro a nível nacional, o projeto permite ainda identificar um conjunto de percursos pedestres e de pastoreio (divulgando os seus pontos de interesse, a sua riqueza natural e imagens) e os rios do concelho (incluindo a sua qualidade ecológica e espécies existentes).
A plataforma, que já pode ser consultada online (http://biodiversidade.cm-vilareal.pt:8080/plataforma/), está ainda em processo de tradução para que possa ser também consultada em inglês.
Manuel Martins, presidente da Câmara Municipal de Vila Real, defendeu o estatuto de "Cidade da Biodiversidade - Capital do Conhecimento" para o concelho que lidera, justificando o título com um conjunto de projetos levados a cabo ao longo dos últimos dos anos e que colocam Vila Real na linha da frente da preservação da biodiversidade.
Orçado em cerca de 1,7 milhões, o Programa de Preservação da Biodiversidade de Vila Real, que foi comparticipado pelo Programa Operacional Regional do Norte, está prestes a chegar ao fim, estando previsto o seu encerramento com a realização de um fórum internacional agendado para os dias 21 e 22 de março do próximo ano.
Represas e moinhos recuperados no Parque Corgo
Antes do final do Plano de Preservação, mais um projeto será realizado, a requalificação do Parque Corgo, que, orçado em 800 mil euros, prevê, entre outras ações, a recuperação das margens ribeirinhas. "Vai arrancar nos próximos dias a intervenção de requalificação do Parque Corgo, um projeto inovador que marcará futuras intervenções junto a áreas ribeirinhas", explicou Manuel Martins.
O projeto, inserido do "Seiva Corgo", que está inserido no Programa de Preservação da Biodiversidade, prevê, entre outros aspetos, a recuperação "de algumas obras de arte construídas já há muitas gerações atrás, como as pequenas represas que conduziam a água pelas levadas para regar os terrenos agrícolas, e de alguns antigos moinhos".
"Através da aplicação da engenharia muito própria para as margens ribeirinhas, que estão algo degradadas, vamos ajudar ao desenvolvimento de algumas espécies ripícolas do rio Corgo", revelou Miguel Esteves, adiantando ainda que vai ser construído um novo caminho na margem esquerda do rio que servirá as futuras hortas comunitárias.
Classificado como uma das "obras emblemáticas" da Câmara Municipal de Vila Real, o Parque Corgo deve ser usufruído não só enquanto espaço de lazer e de atividade física mas também de "observação das espécies de fauna e flora que vão voltando a proliferar nas margens e no próprio leito do rio".
A apresentação da plataforma e do Fórum da Biodiversidade tiveram lugar da sessão de inauguração de uma exposição "A Entomologia pela Pintura" que, da autoria de José Passos de Carvalho, está agora patente nos claustros da Câmara Municipal.