Trocando em miúdos

Os trabalhadores da Amarsul estão em luta

Hoje a Amarsul, recorre abusivamente à contratação de empresas de trabalho temporário para a colocação de trabalhadores com vínculos precários para o desempenho de funções permanentes

Os trabalhadores da Amarsul (empresa do grupo EGF/Mota-Engil) estão em luta, por melhores salários, por mais direitos e por melhores condições de trabalho. Reivindicam aumento dos salários e dos subsídios de refeição e de transporte (há mais de 10 anos que recebem o mesmo subsídio de refeição e de transporte); a redução do horário de trabalho; o fim da precariedade e a integração nos quadros da empresa de todos os trabalhadores com vínculo de trabalho temporário; o respeito pela contratação coletiva; a reversão imediata dos cortes no subsídio de turno e a criação de subsídios de insalubridade, penosidade e risco e de risco rodoviário.

A degradação do serviço público prestado à população e das condições de trabalho na Amarsul não está dissociado da privatização da EGF pelo Governo PSD/CDS, e que o Governo PS não reverteu. Quando o Governo PSD/CDS privatizou a EGF, contra a posição das populações e das autarquias, fê-lo por opção puramente ideológica. Recordo que assim que a Mota-Engil adquiriu a EGF, a primeira decisão foi a distribuição de dividendos pelos acionistas, dividendos esses que resultaram da gestão pública. A empresa alega não ter condições para aumentar salários, mas teve condições para distribuir dividendos! Mais uma vez, a realidade demonstra que a gestão pública é a solução mais adequada para a prestação de serviço público.

Hoje a Amarsul, recorre abusivamente à contratação de empresas de trabalho temporário para a colocação de trabalhadores com vínculos precários para o desempenho de funções permanentes. Dos cerca de 400 trabalhadores, cerca de 25% são trabalhadores com vínculos precários, que são necessários todos os dias, portanto deveriam estar integrados no quadro da empresa com contrato efetivo e estável e não serem contratados por empresas de trabalho temporário.

Os trabalhadores decidiram realizar uma greve de cinco dias. Até ao momento, a empresa tem feito tudo para condicionar e desrespeitar o direito à greve. Não falta a pressão e a chantagem para procurar dissuadir os trabalhadores de exercer o seu direito à greve.

Tivemos conhecimento que os trabalhadores com vínculo precário receberam um SMS com o seguinte teor:

«Bom dia, daqui fala (…) da Autovision. Tivemos conhecimento que os colaboradores da AMARSUL estão de greve, e por isso viemos enviar esta mensagem a informar que deverá apresentar-se ao serviço. Caso não o deixem entrar nas instalações, deverá contatar imediatamente a polícia. Obrigado e boa semana para si.»

A empresa, procedeu à substituição de trabalhadores em greve, ilegal à luz do quadro legal em vigor. Não satisfeita, a empresa, com a conivência do Governo, chamou as forças de segurança, GNR e PSP (incluindo o corpo de intervenção da PSP), numa clara tentativa de intimidação dos trabalhadores em greve, desrespeitando o direito constitucional à greve e o papel dos piquetes de greve, nos termos da lei.

A jornada de luta dos trabalhadores da Amarsul está a ser uma grande ação de luta. A unidade, a combatividade e a determinação dos trabalhadores constitui uma enorme força na luta pelas suas reivindicações.

Durante a epidemia, os trabalhadores da Amarsul estiveram sempre a trabalhar, para garantir a recolha e o tratamento dos resíduos, essencial à nossa vida coletiva. São trabalhadores essenciais, mas o reconhecimento do seu trabalho, incluindo na proteção da saúde pública, não teve nenhuma tradução no reforço dos seus direitos, na valorização dos seus salários, nem na melhoria das condições de trabalho.

Os trabalhadores da Amarsul são homens, mulheres, pais, mães, jovens, que lutam pela valorização do seu trabalho, que lutam por melhores salários, que lutam por uma vida melhor para si, para a sua família e os seus filhos. Merecem de nós todo o respeito e solidariedade!