Opinião sem cerimónia

PSD e PS: duas visões diferentes para Portugal (parte 1)

As próximas eleições terão em confronto duas visões muitos distintas: um PSD menos focado no Estado mas sim nas pessoas, com menos impostos e com uma resposta articulada entre sector público, social e privado nas mais diversas áreas, e um PS focado em manter a receita fiscal, em apostar todas as “fichas” nas respostas públicas, seja na educação, na saúde ou na economia

As eleições legislativas de 10 de março vão marcar uma verdadeira opção entre duas visões para o país. Sabendo de antemão que só PSD ou o PS podem vencer as eleições e constituir governo, com o apoio de outros partidos mais pequenos à direita e à esquerda, importa saber o que distingue Sociais-Democratas de Socialistas. Cada liderança incute o seu cunho mas feliz ou infelizmente há marcas que nos distinguem.

Como escreveu há dias o Público na sua manchete “António Costa preferiu a sedução às reformas” e essa é para mim a melhor caracterização da governação socialista. Por outro lado, o PSD esquece demasiadas vezes a sedução e foca-se essencialmente nas reformas estruturais. Infelizmente, o PSD raramente governou o país após uma situação estável, chegou sempre ao poder com o país em crise ou em grave situação económica e nunca teve oportunidade de aplicar o seu programa porque viu-se sempre obrigado a corrigir o que encontrou. Mas apesar disso os bons resultados têm sido evidentes. Mas é também justo dizer que passado tantos anos o PS aprendeu a importância das contas certas, esperemos que essa visão se mantenha após o próximo congresso do PS.

Nesta campanha eleitoral, se houver verdadeiro debate, vão estar em confronto visões muito diferentes do país em várias áreas. Na saúde o PS defenderá uma concentração de meios e respostas nos hospitais públicos, com os péssimos resultados que já conhecemos, e o PSD defenderá um SNS assente na oferta coordenada do sector público mas apoiado pelo sector privado e social. Não faz sentido um doente esperar meses ou anos por uma consulta num hospital público quando pode ter uma resposta imediata num hospital privado ou de uma IPSS. A proposta do PSD é no fundo democratizar o acesso e contratualizar bem e fiscalizar ainda melhor.

A fiscalidade é outra área em que será muito fácil distinguir dois modelos completamente distintos. Aliás, a este propósito devo referir que a estabilidade e previsibilidade fiscal é importante. Passos Coelho assinou com António José Seguro um pacto de redução progressiva do IRC que ocorreu apesar da troika e que só foi interrompido pela dupla Costa/Centeno. O PSD deverá propor uma baixa fiscal imediata, tanto no IRS como no IRC. O PS deverá procurar manter a carga fiscal para garantir uma grande receita e poder continuar a fazer despesa pública para tapar a falta de reformas nos mais diversos sectores. O PSD acredita que com menos impostos o país cresce mais, as pessoas vivem melhor e as empresas investem mais e pagam melhores salários.

Nas pensões já conhecemos a proposta de Luís Montenegro que pretende subir o Complemento Social para Idosos até garantir uma pensão mínima de 820 euros, ao nível do salário mínimo. O ideal era que até 2028 houvesse uma pensão mínima próxima deste valor. Do lado socialista, e também porque reconhecidamente essa é uma marca, não se espera nada de pior. Nesta matéria ambos os partidos procurarão fazer boa figura.

Outra área que é hoje central nas preocupações dos portugueses é a habitação. Aqui os caminhos também são obviamente bastante distintos. Enquanto que o PS propõe que a resposta à crise se foque no aumento da oferta pública de casas do Estado e no resgate de casas privadas que não estão habitadas, o PSD propõe aumentar a construção de habitação pública, mas também facilitar o licenciamento que permita ao sector privado e social de construir e colocar no mercado a preços controlados. A crise atual não se deve só à falta de oferta pública e ao turismo, deve-se sim à falta de oferta, tanto pública como privada.

Estas são apenas 5 áreas temáticas mas há muitas mais que merecerão a minha atenção, e a dos portugueses, num próximo artigo, falo da educação, da cultura, da economia, da defesa ou do ambiente e território.