Opinião

A formiga e a cigarra

A história democrática portuguesa demonstra-nos que as verdadeiras reformas estruturais ou as saídas de crises ocorrem sempre pelas mãos do PSD e que normalmente o PS deixa ou país ou em pré-bancarrota ou de tanga

Mudar não pode ser apenas um slogan de campanha eleitoral. Mudar significa mudar mesmo, mudar de facto. Sempre que atravessámos dificuldades o país, tantos os portugueses como as instituições e as empresas, reage bem e consegue resultados incríveis sob pressão. O problema é que o governo português não tem tido este nível de exigência e competência quando temos condições para fazer tudo bem feito. Faz-me lembrar a fábula da formiga e da cigarra.

Portugal tem vivido ciclos de dificuldade, que ultrapassa, mas logo a seguir senta-se à sombra da bananeira não tirando o devido proveito nem do esforço que fez nem das oportunidades que surgiram.

A história democrática portuguesa demonstra-nos que as verdadeiras reformas estruturais ou as saídas de crises ocorrem sempre pelas mãos do PSD e que normalmente o PS deixa ou país ou em pré-bancarrota ou de tanga. Se hoje o país não está como o PS de Sócrates e da maioria dos actuais governantes do PS o deixaram em 2011, a verdade é que os mais diferentes serviços públicos estão de rastos, as instituições fragilizadas e a economia coloca-nos de novo na cauda do pelotão europeu.

O Partido Socialista, qual cigarra, está satisfeito com a situação do país em que vivemos, com o nível baixo de desenvolvimento que atingimos, com a posição no fundo da tabela dos países europeus ao mais diversos níveis, com as dificuldades na saúde e na educação, com as instituições e funções do Estado cada vez mais fragilizadas e com os portugueses, apesar de asfixiados por pagarem cada vez mais impostos são, a cada dia que passa, mais prejudicados pela falta de qualidade dos serviços públicos.

Mudar significa ambicionar mais para os portugueses e para Portugal. Mudar significa pensar no médio e longo prazo e não ficar contente com os anúncios, com as promessas e com as soluções de curto prazo que só iludem as pessoas e adiam ou agravam os problemas. Votar na AD - Aliança Democrática significa acreditar no país e nos portugueses, significa querer que Portugal seja mais capaz, mais competente, que possa proporcionar melhor qualidade de vida aos cidadãos e garantir que o elevador social funciona de facto.
As mais diferentes soluções e propostas que Luís Montenegro apresenta para os vários sectores não são nem as mais simples nem as mais fáceis de implementar, mas parecem ser as únicas que podem colocar o país num rumo de crescimento sustentado, onde as pessoas, as instituições e as empresas possam ambicionar ter um futuro promissor e duradouro. A estratégia da AD não assenta num pressuposto em que todas as soluções e respostas estão do lado do Estado e do Governo mas sim em criar condições ou estímulos para que seja possível que todos, sem excepção, possam ter ferramentas para construir os seus projectos de vida com liberdade.
Ao Estado compete-lhe ser suficiente e eficaz, fornecer serviços públicos de qualidade e ajudar as pessoas e as instituições a desenvolver as suas capacidades e competências. Se a Escola Pública é o verdadeiro pilar do elevador social, só uma escola pública exigente e competente pode cumprir esse desígnio. Se o Serviço Nacional de Saúde é um dos verdadeiros pilares do Estado Social e uma das marcas que distinguem o nosso modelo social, então não basta agitar bandeiras de defesa do SNS enquanto se colocam os nossos hospitais num verdadeiro caos. É preciso ter a coragem de fazer as reformas que se adiaram enquanto apenas se despejou dinheiro para cima dos problemas.
O verdadeiro potencial de Portugal só é possível de concretizar na sua plenitude se criarmos condições e confiarmos parte desse desígnio tanto às pessoas, como às empresas e instituições. O Estado não consegue nada sozinho. Quem acredita que é ao Estado que compete gerir a vida das pessoas e das empresas então é porque não confia na capacidade dos portugueses.
Mudar é isto, é apostar num Estado competente, não necessariamente maior mas obrigatoriamente mais eficaz nas áreas em que é essencial. Mas mudar significa também confiar mais nas pessoas, na liberdade individual, significa colocar o cidadão no centro das decisões.