Opinião

A bebedeira socialista

O Partido Socialista embebedou-se com o socialismo e está convencido que não há alternativa que não o próprio Partido Socialista, que as críticas são todas injustas e que os erros são culpa da oposição, do Ministério Público ou dos jornalistas que não seguem a cartilha oficial

Tinha programado voltar a escrever sobre as propostas que diferenciam o PS do PSD, sobretudo nos principais temas que mobilizam a sociedade, mas volto a isso na próxima semana já que é impossível não ficar preocupado com aquilo que assisti no congresso do PS nos breves instantes que consegui ver pela televisão.

Em primeiro lugar, apesar de já me ir habituando, é impossível não voltar a ficar surpreendido com o desplante, ou como dizem os brasileiros, a “cara de pau” da maioria dos oradores. Ficamos com a sensação que, apesar de não ser um partido católico, é Deus no céu e o Partido Socialista na terra. Tudo o que o país tem de bom todos devemos ao PS e o que não corre tão bem é culpa de Passos, de Cavaco, da Direita e agora também do Ministério Público.

O PS é hoje um partido embriagado pela soberba, deslumbrado pelo poder e viciado no poder. Ouvir António Costa dizer que melhor do que ele fez só o PS conseguirá fazer é assustador, é revelador da falta de noção do país em que vive. Será que o ainda Primeiro-Ministro não vê televisão? Não lê jornais? Não fala com as pessoas além do Rato ou de São Bento?. Toda esta soberba socialista chega a ser desrespeitosa para com os portugueses que diariamente sofrem na pele a incompetência do seu governo.

Em segundo lugar, e não menos grave, é o ódio que a maioria dos dirigentes destilam. Se é justo recordar que, apesar do discurso, foi o Bloco de Esquerda que trouxe o ódio para a política portuguesa, apelidando tudo e todos das mais graves ações e comportamentos, e que teve no Chega um fiel seguidor, hoje o Partido Socialista destila ódio contra tudo o que “mexe”. Apesar de salpicado pela retórica de partido responsável e pilar da democracia, rapidamente lhes “salta o chinelo” e destilam ódio para cima dos partidos que contrariam a narrativa socialista.

Em terceiro lugar, mas não menos importante, é constatar que apesar de 8 anos de Poder em condições extremamente favoráveis, apesar da covid mas sem esquecer a proteção do Banco Central Europeu aos juros da dívida pública, o país continua a ter tanto por fazer. Aliás, basta ouvir o discurso do novo Secretário Geral do PS para constatar todos os falhanços de António Costa, e do próprio que foi seu Ministro, tal é o leque de problemas para resolver e que na sua maioria foram criados por decisões do seu governo, como é particularmente o caso do estado do SNS. Ou já se esqueceram das reversões? a começar pelas 35 horas? No caso, com a conivência do Presidente da República.

Se há uma grande diferença entre o PSD e o PS actual é claramente sobre o papel do Estado na sociedade. E se ambos concordarão que os sistemas de educação e de saúde são pilares fundamentais do Estado Social, a política que defendem para ambos é profundamente antagónica. Ora é precisamente nestas duas áreas que o dano da política socialista é maior: na Saúde e na Educação. Portugal regrediu em muitos aspetos na Governação socialista, mas o que mais surpreende é que tenha sido em duas áreas tidas como fundamentais tanto pelo Partido Socialista como pelo PSD. O que os distingue? Precisamente o caminho para lá chegar, se na educação é preciso recuperar a exigência, valorizar os professores e dar mais competências aos alunos, na saúde é preciso mais articulação entre setores público, privado e social.

Um dos problemas das “bebedeiras” é normalmente a ressaca e o que mais me preocupa é a ressaca do país depois de 8 anos de farra. Felizmente há eleições a 10 de Março e o país tem nova oportunidade para mudar..