Muitas vezes as economias deprimidas são deprimentes para os economistas. Há figuras respeitadas que acabam a defender teorias desacreditadas ou a justificar o motivo por que não se aperceberam de problemas iminentes. Mas a catástrofe também pode abrir caminho a novas ideias. A Depressão foi o pano de fundo para a obra de John Maynard Keynes. A estagflação dos anos 1970 deu razão a Milton Friedman: seguiu-se uma era de liberalização.
O "Economist" pediu aos membros do 'Economics by invitation', o nosso fórum na Internet que inclui mais de 50 conhecidos economistas, que indicassem os colegas que apresentaram as ideias mais importantes para um mundo pós-crise. Os inquiridos apresentaram cerca de 20 nomes diferentes. Nenhum deles conseguiu a maioria absoluta mas alguns foram mencionados mais vezes do que outros (ver quadro).
O primeiro destes é Raghuram Rajan, da Universidade de Chicago, cujo livro "Fault Lines" defende que as desigualdades crescentes levaram os governos a facilitar o crescimento do crédito, contribuindo assim para a crise. Robert Shiller, da Universidade de Yale, há muito que chamou a atenção para os perigos da exuberância irracional e apela aos colegas para terem em conta os animal spirits quando avaliam as flutuações económicas. Os trabalhos de Kenneth Rogoff e Carmen Reinhart sobre bolhas de dívida situam a crise num continuum de 800 anos de endividamento e colapso: os seus estudos conseguiram o maior número de citações académicas por parte dos mais notáveis inquiridos na nossa sondagem. Barry Eichengreen escreveu excelentes obras sobre a história do padrão-ouro e os perigos dos sistemas de taxa de câmbio fixa. Nouriel Roubini tem a alcunha de "Dr. Desgraça" devido aos seus avisos acerca de um crash mundial iminente.
Isto é apenas uma pequena amostra, claro, e o respeito dos pares nem sempre se traduz numa influência alargada. Desde o início de 2009, o provocador Nouriel Roubini tem sido referido em proeminentes jornais ocidentais com muito maior frequência do que o resto dos referidos na nossa lista dos "cinco mais". Raghuram Rajan, o favorito dos nossos economistas, foi o menos referido na imprensa. A obra académica de Paul Krugman valeu-lhe um prémio Nobel mas a sua coluna e blogue no "New York Times" deram-lhe mais fama do que a de qualquer outro dos nomes que ficaram melhor colocados na sondagem.
No entanto, quando se fala de verdadeiro poder ninguém consegue concorrer com Ben Bernanke, o presidente da Reserva Federal. Este ganhou folgadamente o título de economista mais influente da última década, batendo Keynes, que ficou em segundo lugar, e as suas políticas vão alimentar a investigação durante as próximas décadas.
Texto publicado no caderno de economia do Expresso de 19 de fevereiro de 2011