Foi um “encontro de dois seres que se amam”, como disse o cardeal Manuel Clemente na homília da missa em que foi celebrado o casamento de Maria Francisca de Bragança e Duarte Martins. Não foi, contudo, um casamento como muitos outros que todos os anos se celebram na Basílica de Mafra, parte do Real Edifício que é Património da Humanidade. Francisca é duquesa de Coimbra, filha do duque de Bragança, Duarte Pio, pretendente ao trono de Portugal, caso o país voltasse a ser uma monarquia, e o seu casamento foi o que mais próximo de casamento real aconteceu em Portugal desde o casamento dos seus pais, em 1995.
Dois dias depois da festa da República, uma parte da mesma República, a começar pelos protagonistas do 5 de Outubro deste ano - Marcelo Rebelo de Sousa e Carlos Moedas -, foi a Mafra participar na festa. “É muito bom que o país reconheça a sua história e reconheça e acarinhe a família de Bragança”, disse Durão Barroso, ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia, já durante o beberete que decorreu no claustro do mosteiro. Em declarações à TVI, que transmitiu o casamento, Durão também comentou que Maria Francisca é “uma noiva muito bonita muito simpática”.
Além de Durão, Marcelo e Moedas foram vários outros os políticos a marcar presença no casamento. Sobretudo de direita. Foi o caso de Miguel Albuquerque, o presidente do Governo da Madeira que já chegou a dizer-se monárquico de pensamento, de Assunção Cristas e Paulo Portas, ex-presidentes do CDS.
Os convidados começaram a chegar horas antes da hora marcada para a missa. Isso mesmo lhes tinha sido pedido para dar tempo de sentar nos devidos lugares os mais de mil convidados. A noiva chegou pelas 15h30, de caleche, acompanhada pelo pai, Duarte Pio, que se protegeu do Sol com um panamá praticamente até entrar na igreja.
Nas ruas por onde Francisca foi passando e acenando, poucas pessoas acorreram, enquanto por toda a terra se ouvia o tocar dos carrilhões. Já no Terreiro D. João V, frente ao monumento que este sábado esteve fechado para visitas, juntavam-se umas centenas de populares a quem a noiva também acenou com o ramo de flores brancas, enquanto sorria muito por debaixo do véu. Á saída, voltaria a acenar e a sorrir ainda mais.
Um dos bolos foi cortado mesmo ali, na praça frente ao mosteiro, e servido a quem compareceu para ver as figuras da República e da monarquia. E o outro foi cortado também à espada e servido no claustro para os convidados de convite escrito.
“Temos sempre de procurar cosias positivas e bonitas”, dizia a mãe da noiva à TVI no meio do beberete, notoriamente satisfeita com a festa que organizou