A decisão de Recep Tayyip Erdogan em transformar Hagia Sophia de novo numa mesquita, abrindo-a aos fiéis e mantendo-a acessível aos visitantes fora do período das orações, é, mais do que um retrocesso, um arriscado ato de funambulismo político e religioso. Naturalmente, o Presidente turco escudou a decisão na conquista de Constantinopla pelo Império Otomano em 1453 — os demagogos servem-se sempre da História a seu bel-prazer. A condenação unânime — de Putin à UNESCO, da Igreja Ortodoxa à Igreja Católica – não deve desencorajar Erdogan.
Pelo contrário, quanto mais isolado ficar, maior será a força da sua retórica nacionalista. Hagia Sophia, seja igreja, mesquita ou museu, foi sempre instrumento e símbolo do poder vigente. E assim continua.
Conheça a história do monumento, mandada construir pelo imperador Justiniano em 532 como a basílica — e que foi desde logo um marco da arquitetura e da engenharia. Na sua construção, concluída em 537, terão participado cerca de 10 mil trabalhadores.