Lisboa, sexta-feira, 30 de maio de 2025. Manhã azul. A Margarida entrou na Sala Infante D. Henrique do Instituto de Estudos Políticos (IEP) às 10h e sentou-se no sofá ao lado do meu cadeirão. À nossa frente estavam mapas do mundo helénico e do império Persa no século V a.C., uma garrafa de água, dois copos e um exemplar da “História da Guerra do Peloponeso” de Tucídides. “Começamos com o último discurso de Nícias às suas tropas na retirada ateniense de Siracusa no final do Livro 7º,” disse-lhe. “O exército de Atenas está numa situação lamentável,” afirmou ela. “Acho que Nícias se sente bastante culpado com isto. Em Atenas, ele foi totalmente contra a expedição no debate com Alcibíades e agora eles estão à beira da derrota total. Mas quem está no comando agora é ele. Alcibíades foi para Esparta, onde lhes disse o que tinham de fazer para derrotar os atenienses na Sicília. Acho muito interessante que Nícias tenha sentido necessidade de gritar aos soldados. Estão completamente desmoralizados, mas o Nícias aqui parece ter imensa energia e esperança.”
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Para saber de arte e guerra é preciso um coração destroçado
Uma conversa com Margarida Muralha, na Católica, sobre a arte de pensar num curso universitário