Hoje em dia não é raro ver alguém que há muito conhecemos como pessoa moderada começar a emitir opiniões tradicionalmente consideradas extremistas sobre grupos socialmente discriminados. Ao mesmo tempo, multiplicam-se apelos à violência nas redes sociais, e a violência real surge em atos como o que na semana passada vitimou um comentador americano de direita — ele próprio conhecido por minimizar os massacres a tiro em escolas como consequências necessárias (“racionais” foi o seu termo) da defesa do uso de porte de arma. Para lá dos elementos externos (crise, crime, imigração, confinamentos, etc.), que fatores internos potenciam tudo isso? A jovem neurocientista e psicóloga política Leor Zmigrod, cujo percurso académico já inclui Cambridge, Harvard e Stanford, além de Paris e Berlim, é autora de “O Cérebro Ideológico” (ed. Dom Quixote), onde procura responder a essas questões. O Expresso entrevistou-a há duas semanas.
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“A ideologia fornece um guião para viver e soluções simples para problemas complexos. Obriga a pensar em termos de preto e branco”
Nascida nos Estados Unidos em 1995, a neurocientista e psicóloga política Leor Zmigrod combina estas áreas com a genética para compreender o que conduz à radicalização e outras escolhas ideológicas. O ‘segredo’ pode estar no cérebro, explica a cientista que a revista “Forbes” incluiu na sua lista de pessoas mais importantes com menos de 30 anos