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Os últimos portugueses de Malaca

Em Malaca desde a primeira metade do século XVI, os portugueses são hoje uma minoria que mantém vestígios culturais, como a língua e as práticas católicas, e que enfrenta desafios de ordem diversa

Deposit Photos/Fotobanco.pt

Augustin de Mello pesca todas as manhãs escassas centenas de metros ao largo do bairro que alberga a comunidade portuguesa de Malaca, no terceiro estado mais pequeno da Malásia. “Não sei. Só Deus sabe. É consoante a sua vontade, não é verdade?” É desta forma que o pescador de 52 anos, com quatro décadas de idas ao mar, responde quando o questionam sobre os eventuais danos colaterais para os pescadores portugueses de Malaca caso avance o projeto Melaka Gateway. Inserido num programa mais vasto, designado pelas autoridades malaias de Straits of Melaka Waterfront Economic Zone — SM-WEZ —, o Melaka Gateway está a ser reativado 10 anos depois da sua conceção. Com a ambição de revolucionar a economia do país, o Governo da Malásia acredita que o SM-WEZ será a chave para tal transformação. Contando com uma grande percentagem de investimento chinês, a construção deste megaempreendimento é encarada pelas autoridades chinesas como fazendo parte do seu plano de desenvolvimento infraestrutural global adotado em 2013, que ambiciona investir em mais de 150 países e organizações internacionais e que tem a designação de Belt and Road Iniciative (BRI, Faixa e Rota, em português).