Exclusivo

+E

“Gostava da adrenalina de vender peixe e ganhar dinheiro. Uns miúdos recebem mesada, outros têm instinto e vão trabalhar”

Aos 4 anos, Pedro Bastos já amanhava peixe. Aos 7 vendia-o à porta do mercado de Albufeira. Cresceu entre um colégio privado, lotas e bancas, onde aprendeu a tratar o peixe pelo nome. Com 47 anos, comanda a Nutrifresco, empresa que hoje exporta para 13 países e emprega 70 pessoas

Ao notar a cor intensamente laranja e o corpo firme do peixe, há poucas horas em terra, um sinal de que “foi bem tratado na captura”, Pedro Bastos comenta: “Este salmonete amanhã está em Frankfurt.” A mesma firmeza revela um robalo selvagem, brilhante como prata, que apesar dos três quilos quase se segura sozinho. Como peixe na água, seja entre espécies da costa algarvia — “um dos habitats mais especiais do mundo” —, oriundas de 14 lotas nacionais, ou de fornecedores estrangeiros, apresenta camarões de dorso violeta, ostras da ria Formosa, lulas gigantes dos Açores que emanam aromas de maresia, detalhando características, técnicas de pesca, homens do mar e épocas dos produtos que saem da Nutrifresco prontos a cozinhar, com destino a grandes cozinhas portuguesas e internacionais. Mais tarde, numa mesa recheada de tesouros do mar algarvio preparados eximiamente pela irmã, Ana, também chefe de cozinha, e partilhada pela mãe, Leonor, sobressai o sabor da intensa frescura marinha, enquanto a conversa recua ao Algarve da década de 1970 e projeta o futuro do pescado nacional.