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Deixem o lobo-ibérico trabalhar: histórias e imagens do predador que mantém o equilíbrio nos ecossistemas

O lobo-ibérico é um dos últimos predadores de topo existentes em Portugal e ajuda a manter a diversidade da vida selvagem. Mas a relação com o homem nem sempre é fácil. Com o Gerês cheio no verão, o biólogo Francisco Álvares pede aos turistas que “não procurem os locais mais recônditos da serra e não perturbem alcateias com crias”

No romance de Tânia Ganho, as personagens convergem para um santuário de preservação de lobos, inspirado no Centro de Recuperação do Lobo Ibérico, em Mafra
Ana Baião

Oprimeiro encontro com lobos aconteceu há cerca de quatro anos, numa manhã fria de novembro. Era Dia de Todos os Santos e o sol ainda não tinha despontado. Miguel Afonso preparava-se para sair da aldeia de Guadramil com o rebanho quando se apercebeu de que algo de estranho se passava. Uma das cadelas de guarda começou a ladrar furiosamente. O jovem olhou para a frente e só viu as ovelhas e os cães. Ao virar-se para trás avistou um lobo. Não sentiu medo. “Acho que ele só estava de olho nas ovelhas e nem se deu conta de que eu estava ali. Assim que lhe gritei para sair dali, fugiu”, conta o pastor, agora com 36 anos.