Há 50 anos, o coração da Suécia batia por África. Ao mesmo tempo que se via uma luz para o fim da Guerra do Vietname, que tinha mobilizado a sociedade civil como nunca, Portugal mantinha-se inapresentável. Por toda a Suécia, gritavam-se palavras de ordem contra a infâmia da guerra, da opressão e do colonialismo. “Portugal ut ur Afrika” (“Portugal fora de África”), lia-se num dos cartazes das inúmeras manifestações de então, convocada para as ruas de Estocolmo. “500 anos de colonialismo português”, avisava outro.
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O aliado que veio do frio: como a Suécia ajudou a mudar o destino de Cabo Verde
Sem laços históricos nem afinidades culturais óbvias, a Suécia tornou-se um dos principais aliados das lutas de independência das ex-colónias portuguesas. Entre elas, a Guiné e Cabo Verde, que há meio século se tornava independente, forjaram uma amizade que desafiou o Estado Novo, graças a uma sequência histórica certeira e a duas figuras centrais no ambiente intelectual sueco de então