Visivelmente cansado, mas sorridente, Julian Barnes acaba de chegar do aeroporto e senta-se na esplanada de um hotel de Lisboa, a poucos metros do Parque Eduardo VII, onde no dia seguinte falará sobre o seu mais recente livro (“Mudar de Ideias”, publicado pela Quetzal, com tradução de Salvato Teles de Menezes) e dará autógrafos, na Feira do Livro. A sua cordialidade é contida, muito britânica. Veste uma camisa branca, os botões de cima desabotoados. Olhos azuis, vivíssimos. Durante uma hora, fala dos cinco ensaios reunidos no pequeno volume de capa azul e amarela, textos que tiveram uma primeira vida em 2016, quando foram lidos na rádio. O tom é quase sempre suave, ameno, uma espécie de veludo sob o qual se esconde a lâmina da ironia. A luz da tarde vai criando jogos de textura e sombra nos troncos das árvores, na calçada portuguesa. Algumas pessoas viram a cabeça, quando a conversa transborda, aqui e ali, em súbitas gargalhadas.
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“Não me importo que uma criança leia o ‘Harry Potter’, desde que não leia apenas isso aos 50 anos”: entrevista exclusiva a Julian Barnes
Em visita-relâmpago a Lisboa, Julian Barnes, um dos maiores escritores britânicos da atualidade, falou em exclusivo ao Expresso sobre o seu mais recente livro de ensaios, a dificuldade de mudar de ideias e o futuro político da Europa. “Podemos ler um livro com 500 anos, ou dois milénios, e constatamos que a Humanidade não mudou assim tanto”