Era um tradicional pequeno-almoço diplomático em Bruxelas. A horas canibais — oito em ponto — e miseravelmente servido: iogurte já morno, fruta embalada e um café instantâneo facilmente confundível com um chá esquecido numa mesa de cabeceira. Para um europeu ocidental — e nós, em geografia, somos os mais ocidentais de todos — o agendamento madrugador assemelha-se a um sacrifício pascal: as oito da manhã deles são as nossas sete, o que nos obriga a acordar às nossas seis. Para um noctívago acostumado a madrugadas em redações, o martírio aproxima-se do calvário, agravado pelo facto de os belgas — ao fim de 195 anos de História — não terem ainda descoberto a existência das torradas e sobreviverem, ao que tudo indica, à pior água canalizada do mundo moderno, com a qual insistem em arruinar qualquer tentativa de expresso.
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